Baixa na renda dos poupadores e a melhor rentabilidade dos fundos de renda fixa fazem com que os brasileiros apliquem menos dinheiro na poupança (USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2014 às 12h47.
Brasília - A baixa na renda dos poupadores e a melhor rentabilidade dos fundos de renda fixa fazem com que os brasileiros apliquem menos dinheiro na poupança. De acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (7), no primeiro semestre deste ano, os depósitos em poupança superaram os saques (captação líquida) em R$ 9,614 bilhões, resultado 66% menor dos que os R$ 28,273 bilhões registrados em igual período de 2013.
O diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, destaca que a inflação alta corrói a renda, reduzindo o volume de dinheiro disponível para aplicações financeiras. Outro fator para explicar essa redução na captação líquida são os juros mais altos do crédito, o que aumenta o endividamento das famílias. Com isso, destaca Oliveira, há situações em que as famílias precisam retirar dinheiro da poupança para pagar dívidas. “Além de não ter mais dinheiro para aplicar, retiram o que têm da poupança.”
A taxa básica de juros (Selic), que serve de referência para os juros cobrados no mercado, está atualmente em 11% ao ano, após passar por um ciclo de alta. A Selic começou a subir em abril do ano passado, quando foi ajustada em 0,25 ponto percentual para 7,5%. Esse ciclo de alta foi interrompido somente em maio de 2014, com a manutenção da Selic em 11% ao ano. Entre outubro de 2012 e março de 2013, a Selic ficou no seu mínimo histórico (7,25% ao ano).
Quando a Selic estava mais baixa, os rendimentos dos fundos, que acompanham a taxa básica, eram menos vantajosos que a variação da poupança. Mas, com a alta da Selic, o cenário mudou. Portanto, para aqueles em condição de poupar, as aplicações em fundos de renda fixa são mais atrativas, destaca Oliveira.
De acordo com o diretor da Anefac, os rendimentos da poupança só são maiores quando a taxa de administração cobrada nas aplicações em fundos de renda fixa estão acima 2%. “Na maioria das situações, a poupança perde para os fundos”, disse. As taxas de administração variam de 0,5% a 3% ao ano. Para pequenos valores, as taxas costumam ser superiores a 1,5% ao ano.
A tendência para os próximos meses é a continuidade de redução nas aplicações em poupança, prevê o Oliveira. “Esse cenário de inflação mais alta corroendo a renda, juros altos, baixo crescimento e desemprego em alguns segmentos vai persistir.”
Os fundos de renda fixa têm tributação do Imposto de Renda sobre seus rendimentos. Quanto menor o prazo de resgate, maior a tributação. Já sobre a poupança não há cobrança de impostos nem de taxas de administração.
Pela regra atual, com a Selic acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais a Taxa Referencial (TR). Essa fórmula está em vigor desde agosto do ano passado – mês em que a Selic foi reajustada para 9% ao ano. Quando os juros básicos da economia estão iguais ou inferiores a 8,5% ao ano, a caderneta rende 70% da taxa Selic mais a TR.