Economia

Maior fundo soberano do mundo está pessimista com comércio global

Yngve Slyngstad, CEO do Norges Bank Investment Management, diz que o auge do comércio internacional provavelmente já passou

Yngve Slyngstad: o fundo de soberano da Noruega é dono de 1,3% das ações listadas no mundo, espalhadas por quase 80 países (Krister Soerboe/Bloomberg)

Yngve Slyngstad: o fundo de soberano da Noruega é dono de 1,3% das ações listadas no mundo, espalhadas por quase 80 países (Krister Soerboe/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2017 às 19h30.

Oslo - O homem que dirige o maior fundo soberano do mundo diz que tudo indica que o comércio global está passando por algo mais grave do que uma desaceleração temporária.

Yngve Slyngstad, CEO do Norges Bank Investment Management, como o fundo é conhecido, diz que o auge do comércio internacional provavelmente já passou.

“A pergunta que os investidores estão fazendo é se os ganhos fáceis já foram obtidos”, disse Slyngstad em entrevista em 29 de agosto em seu escritório no último andar do banco central da Noruega, em Oslo.

“As redes de suprimentos globais conseguiram, de certa forma, um ganho pontual, principalmente mediante a terceirização de multinacionais para a China.”

O fundo de soberano da Noruega é dono de 1,3 por cento das ações listadas no mundo, espalhadas por quase 80 países. E como as taxas de juros estão em níveis mínimos recorde, o investidor diminuiu suas expectativas de retornos no longo prazo de 4 por cento para cerca de 3 por cento, mesmo após obter a aprovação do Parlamento para elevar sua proporção de ações de 60 por cento para 70 por cento.

Slyngstad, que se tornou CEO em 2008, quando a economia global começava a mergulhar na pior crise desde a Grande Depressão, disse que naquela época o fundo superou a turbulência vendendo títulos e comprando ações.

“Acredito que não agiremos de maneira diferente em uma crise similar no futuro”, disse ele.

Momento complicado

Durante uma conferência recente sobre globalização, o estrategista-chefe do fundo, Bjorn Erik Orskaug, sugeriu que talvez o mundo esteja em um “ponto de inflexão” em matéria de comércio, com redes de valor mais baixas e menos produção transnacional. E também existe uma agenda protecionista em alguns governos.

“Existe também uma situação política capaz de tornar tudo mais difícil?”, disse Slyngstad. “O tempo dirá, mas sem dúvida existe um risco no horizonte.” Ele diz que o cronograma de investimentos de muito longo prazo do fundo de riqueza lhe permite enxergar além da turbulência causada por governos que vão e vêm.

O fundo provavelmente se manterá overweight em Europa, onde ele é um investidor mais ativo. Mas as duas únicas economias que realmente importam são as dos EUA e da China, disse Slyngstad. Em novembro, ele irá à China para uma viagem anual de pesquisa para informar os investimentos do fundo.

US$ 1 trilhão

Como o valor do fundo está chegando a US$ 1 trilhão, sua meta oficial é proteger a riqueza petroleira de hoje para as futuras gerações de noruegueses. O fundo cresceu muito desde sua criação há duas décadas e gerou um retorno nominal anual de 5,89 por cento.

No ano passado, o governo da Noruega começou a retirar dinheiro do fundo pela primeira vez para compensar uma queda na receita de petróleo.

A previsão é de que os resgates alcançarão cerca de 72 bilhões de coroas norueguesas (US$ 9,3 bilhões) em 2017 e se manterão nesse nível nos próximos anos devido a normas fiscais mais estritas.

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