Economia

Mães de Srebrenica: "Mladic quer se transformar em vítima"

O ex-general sérvio se negou a se declarar culpado ou inocente, alegando que queria ter sua própria equipe de advogados

O ex-general foi retirado à força da sala de audiências por discutir com juiz do tribunal e por ter encarado através de um vidro as mães de Srebrenica que assistiam ao seu julgamento (AFP)

O ex-general foi retirado à força da sala de audiências por discutir com juiz do tribunal e por ter encarado através de um vidro as mães de Srebrenica que assistiam ao seu julgamento (AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2011 às 09h53.

Haia - A porta-voz das "Mulheres de Preto de Belgrado", grupo que representa as mães de Srebrenica no julgamento contra o ex-chefe militar dos sérvios da Bósnia Ratko Mladic, denunciou o fato do réu ter se apresentado como um acusado indefeso diante do Tribunal Penal Internacional da ex-Iugoslávia (TPII).

"Mladic quer se transformar em vítima. É o jogo de todos os criminosos de guerra", afirmou Stasa Zajovic, depois que o ex-general sérvio se negou a se declarar culpado ou inocente, alegando que queria ter sua própria equipe de advogados, e não um defensor indicado pelo tribunal.

O réu foi expulso do julgamento após interromper a sessão várias vezes falando sem permissão ao juiz e mandando-o se calar, além de ter encarado através de um vidro as mães de Srebrenica que assistiam ao seu julgamento por genocídio.

Zajovic explicou após seu depoimento que os 20 parentes de vítimas de Srebrenica encararam o general e clamaram que o TPII dite uma sentença contra Mladic antes que ele morra.

"As vítimas não conseguem esquecer o fato de (Slobodan) Milosevic ter morrido sem escutar sua sentença. Foi um grande erro e um símbolo de impunidade", explicou a ativista.

O boicote de Mladic ao tribunal representa "um jogo perigoso para as novas gerações de nacionalistas sérvios", acrescentou.

"Alguns novos intelectuais que apoiam Mladic na Sérvia defendem teorias como a de que em Srebrenica não morreram 8 mil muçulmanos em 1995, mas 400 jovens muçulmanos", apontou Zajovic.

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