Economia

Luta por títulos da Argentina chega à TV com anúncios

País e os credores engajados estão redobrando os esforços para influenciar a opinião pública com anúncios na TV, nos jornais e na internet

Pessoas passam por um poster que mostra o juiz americano Thomas Griesa como um abutre (Marcos Brindicci/Reuters)

Pessoas passam por um poster que mostra o juiz americano Thomas Griesa como um abutre (Marcos Brindicci/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2014 às 17h25.

Nova York/Buenos Aires - A Argentina e os credores engajados em uma batalha jurídica de 13 anos estão redobrando os esforços para influenciar a opinião pública com anúncios na TV, nos jornais e na internet.

A American Task Force Argentina (ATFA), um grupo de lobby parcialmente financiado pelos hedge funds que lutam por cobrar US$ 1,5 bilhão em títulos não reestruturados que eles não receberam quando o país deu o calote em 2001 (holdouts), gastou cerca de US$ 1 milhão em anúncios nos últimos sete dias, segundo um dos presidentes do grupo, Robert Shapiro.

Os anúncios, que argumentam que detentores de títulos pensionistas e varejistas estão sendo enganados para não receberem o que o país lhes deve, apareceram nos EUA em canais como CNBC, CNN e Bloomberg Television, bem como nos sites do Politico, do New York Times e da Bloomberg.

“Argentina, essas pessoas merecem algo melhor”, entoa uma voz no final de um anúncio de 60 segundos que destaca o caso de uma mulher que perdeu todas as suas economias após comprar as notas para ajudar a financiar o atendimento médico do seu pai de 97 anos.

“Ainda não é tarde demais para chegar a um acordo com seus detentores de títulos e pagar suas dívidas”.

A campanha televisiva, que começou na semana passada, visa refutar a caracterização feita pela Argentina dos holdouts como “abutres” que rapinam países em problemas.

A Argentina publicou anúncios de página completa em jornais de todo mundo para vituperar a decisão de um juiz federal americano de bloquear os pagamentos dos títulos do país no exterior enquanto o país não quitasse ou chegasse a um acordo com os hedge funds.

No dia 8 de agosto, o juiz distrital federal Thomas Griesa disse que a Argentina poderia ser acusada de desacato se seus funcionários não deixarem de emitir declarações falsas e enganosas nos anúncios.

A presidente Cristina Kirchner disse ontem à noite que enviará ao Congresso um projeto de lei para possibilitar que o país pague aos detentores estrangeiros de títulos em contas locais como forma de contornar a decisão.

Como mostra de boa-fé, fundos também serão depositados localmente conforme os termos originais da reestruturação para os holdouts que processaram o país, disse ela.

Paul Singer

“Estamos apenas reagindo à campanha de difamação dos fundos abutres contra o governo argentino”, disse Severino Czapski, quem supervisiona a conta do governo no escritório em Buenos Aires da agência publicitária Chasqui International.

“Eles empregam teatralidade e drama que não correspondem à seriedade do assunto. O nosso objetivo é usar fatos”.

A ATFA é financiada por membros como a Elliott Management de Paul Singer, que se uniu a outros credores que rejeitaram reestruturações de dívida em 2005 e 2010 para processar o país e obtiveram uma decisão favorável que exige o pagamento completo.

Outros membros são a Associação de Pecuários dos EUA, a Câmara Nacional Negra de Comércio e a organização Mulheres de Montana Envolvidas na Economia Agrária.

Os anúncios on-line da ATFA serão transmitidos por tempo indeterminado, ao passo que a campanha publicitária em jornais e televisão terminará amanhã, segundo a organização. O grupo não quis dizer quanto gastou em total com os anúncios.

O governo da Argentina e os holdouts estão tentando reforçar sua imagem dentro do país e no exterior, segundo Diego Ferro, um dos diretores de investimentos da Greylock Capital Management LLC.

“Trata-se da imagem de cada bando, de responsabilizar o outro, de tentar melhorar o próprio prestígio”, disse ele.

A Bloomberg LP, a companhia controladora da Bloomberg News e da Bloomberg Television, concorre com a CNBC e com outras empresas de mídia na distribuição de notícias financeiras e na venda de anúncios.

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