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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.
São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que, pelas potencialidades econômicas e da população do Brasil e da Itália, a corrente de comércio entre os dois países pode chegar a uma faixa de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões e que, por causa disso, são importantes os acordos firmados na área comercial entre os dois países. Lula disse que a relação comercial de US$ 10 bilhões como a que têm hoje Brasil e Itália é "muito pouco" e que isso ocorre pelo fato de os dois países estarem acostumados com práticas comerciais do século 20, em que a Itália se relacionava com a Europa e o Brasil com a Europa e Estados Unidos.
Por conta disso, afirmou, no seu governo houve a "preocupação" de diversificar a relação comercial com países do Oriente Médio e África. "Fico imaginando o quanto os brasileiros gostariam de conhecer a Itália, o Vaticano, Florença, Veneza e Roma, e o quanto os italianos gostariam de conhecer o Brasil", afirmou. "Temos um potencial turístico também muito grande."
Lula disse também que "fica imaginando" Itália e Brasil criando parcerias para produzir em países pobres o que as duas nações precisam.
Crédito
O presidente Lula fez um discurso no qual destacou ao primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, as conquistas obtidas pelo Brasil desde o início de seu governo, principalmente em relação à oferta de crédito. "Em março de 2003, o crédito disponível no País era de R$ 380 bilhões. Hoje, o Brasil já tem R$ 1,5 trilhão em crédito", afirmou.
Lula disse que, quando chegou ao governo, pobre e aposentado não tinham direito a crédito. Por conta disso, segundo ele, o governo federal criou a modalidade de crédito consignado. "E hoje já foram disponibilizados R$ 120 bilhões nesta categoria", afirmou.
O presidente destacou a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na oferta de crédito no País e lembrou que, em 2003, o banco emprestava no máximo R$ 40 bilhões. "No ano passado, o BNDES já havia disponibilizado R$ 139 bilhões. E, quanto mais dinheiro (os empresários) precisarem, mais o banco terá para emprestar", disse.
Lula citou o desempenho da Caixa Econômica Federal no esforço do governo para ampliar o crédito no País. Segundo números apresentados por Lula, em 2002 a Caixa emprestou R$ 5 bilhões. Em 2009, esse valor saltou para R$ 47 bilhões e, em 2010, deve chegar a R$ 55 bilhões.
O presidente lembrou que boa parte da sua vida foi dedicada à liderança sindical e por muito tempo ele se definiu como socialista. De acordo com Lula, quando chegou ao governo percebeu que havia certa ignorância tanto dele como daqueles que tinham medo da sua figura.
E que a definição do Brasil como uma economia capitalista também não fazia sentido, uma vez que não se pode ter uma economia capitalista sem crédito. Lula disse ainda que uma das maiores alegrias de seu governo foi quando chamou o ex-diretor-gerente do FMI Rodrigo de Rato e disse que iria quitar a dívida brasileira com o banco: "Vou devolver o seu dinheiro, porque não preciso mais dele."
Lula afirmou que durante a crise financeira mundial foi para a televisão e estimulou o consumo com responsabilidade. Entre outras medidas, o presidente lembrou da liberação pelo Banco Central (BC) de R$ 100 bilhões dos depósitos compulsórios para os grandes bancos comprarem carteiras de crédito dos bancos pequenos. "Enquanto os bancos lá fora estavam quebrados, estávamos comprando bancos no Brasil", afirmou.
Lula e Berlusconi participaram hoje do encontro empresarial Brasil-Itália, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.