Lula, José Alencar e Ricardo Texeira, presidente da CBF (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h46.
São Paulo -Na presença de Ricardo Teixeira, que dirige a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas com o governador de São Paulo e o prefeito da capital ausentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma solenidade, na última segunda-feira, para tornar público o que vem articulando no bastidor. Lula, como antecipou a Agência Estado na semana passada, disse que vai entrar na discussão sobre o estádio da abertura da Copa em São Paulo. Ele criticou o governador e o prefeito.
Lula mandou os recados aproveitando a solenidade de assinatura de uma Medida Provisória que autorizou as cidades-sede e os Estados envolvidos na Copa 2014 a contrair novos empréstimos - podendo, por causa desses investimentos, aumentar o limite de endividamento orçamentário. Lula quer que o estádio da abertura da 20.ª Copa Fifa fique em São Paulo.
"Eu, sinceramente, não consigo imaginar uma Copa do Mundo no Brasil sem ter São Paulo como um dos cantinhos em que os atletas vão poder jogar bola. Eu estou disposto a entrar nessa conversa" disse Lula durante discurso na cerimônia, enquanto olhava para Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo. "E sei que em São Paulo há uma briga muita feia". O presidente desafiou o governador Alberto Goldman (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) a lutar para garantir a abertura da Copa no estado.
A CBF, porém, dá sinais de que pode levar a abertura para outro Estado. No dia 16 de junho a entidade vetou a reforma do Estádio do Morumbi, orçada em R$ 265 milhões, bem mais modesta do que o projeto original, de R$ 636 milhões. Sem o Morumbi, o Comitê Paulista para a Copa praticamente descartou a possibilidade de São Paulo abrir os jogos de 2014, por considerar que seria jogar dinheiro fora investir num outro estádio.
Na cerimônia de segunda-feira, Lula, que já vinha mostrando desentendimento público com a CBF por causa do Morumbi, criticou Goldman pela indefinição do governo do Estado e da prefeitura de São Paulo quanto ao estádio para a abertura da Copa. "Acho que o governador já deveria ter chamado todo mundo envolvido para conversar, para encontrar uma solução, e não ficar brigando pela imprensa, porque o tempo urge nos investimentos que nós queremos fazer."
Prevendo as críticas, nem Goldman nem Kassab compareceram à cerimônia desta segunda-feira. Lula havia feito chegar tanto ao governador quanto ao prefeito e à CBF seu descontentamento com a exclusão do Morumbi. Para o presidente, gastar quase R$ 1 bilhão na construção de outro estádio seria o máximo do desperdício do dinheiro público e a certeza de construção de um elefante branco para o futuro.
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