Economia

Lula no primeiro turno. E daí?

As novas pesquisas de intenção de voto podem confirmar de vez o maior temor do mercado financeiro. Para os operadores, uma vitória de Lula no primeiro turno da eleição presidencial de 6 de outubro deixou de ser impossível para tornar-se apenas improvável. Levantamento do Ibope, feito para o Jornal Nacional, divulgado nesta terça-feira, mostra mais […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.

As novas pesquisas de intenção de voto podem confirmar de vez o maior temor do mercado financeiro. Para os operadores, uma vitória de Lula no primeiro turno da eleição presidencial de 6 de outubro deixou de ser impossível para tornar-se apenas improvável. Levantamento do Ibope, feito para o Jornal Nacional, divulgado nesta terça-feira, mostra mais um crescimento do candidato petita Luiz Inácio Lula da Silva, que passou de 39% para 41%. Serra (PSDB) se mantém estável com 19%. Garotinho (PSB) passou Ciro Gomes (PPS), de 12% para 13%. O candidato da Frente Trabalhista caiu de 15% para 12%.

Há dois dias, rumores circularam no mercado financeiro dando como certa a possibilidade estatística de que Lula seja sagrado o 30o presidente eleito, direta ou indiretamente, no Brasil -- sem contar os interinos, claro. Já no primeiro turno. Não foi nessa pesquisa. Mas está perto.

Nada garante que esse seja o resultado da eleição. No entanto, o mercado financeiro dorme e acorda embalado por expectativas, que influenciam os preços. Por isso, o dólar fechou a 3,25 reais, a terceira maior cotação desde o início do Plano Real, e a Bolsa de São Paulo caiu 1,84%.

O que aconteceria se Lula fosse, de fato, escolhido o próximo presidente? Os profissionais do mercado divergem, mas acreditam que as primeiras horas serão decisivas. "Tudo vai depender do que Lula disser no seu primeiro discurso após a confirmação do resultado", diz um economista de um grande banco de varejo. "Se as primeiras declarações forem algo que o mercado quer ouvir, boa parte da turbulência poderá ser evitada."

O que o mercado quer ouvir? Pouca coisa. O sonho de consumo dos operadores seria um discurso defendendo a estabilidade de preços e a austeridade fiscal. "Lula ganharia muitos pontos se prometesse algo inesperado, como por exemplo manter Armínio Fraga na presidência do Banco Central ou elevar a meta de superávit primário para 4% do PIB", diz um experiente administrador de dinheiro. No entanto, o analista considera essa hipótese pouco provável.

O temor é justificado. Uma vitória no primeiro turno provocaria um vácuo de poder de fato durante um longo período, mais de dois meses. Para os operadores, é um tempo mais do que suficiente para que uma declaração desastrada do candidato eleito seja mal-interpretada pelo mercado financeiro e provoque situações de descontrole dos preços, em especial do dólar.

Quem sabe fazer contas diz que qualquer previsão numérica é arriscada, mas não se descarta a hipótese de o dólar superar os 3,61 reais que atingiu nos piores momentos dos últimos meses. "Poderia haver um impacto dessa mesma proporção sobre a bolsa e os juros", diz o operador.

No prazo mais longo, as expectativas do mercado para o primeiro ano de um eventual governo Lula também não são brilhantes. Qualquer que fosse o candidato eleito, a expectativa era de um governo mais atuante no campo econômico e mais focado no crescimento da economia do que na austeridade das contas públicas. Somando-se esses dois termos, o resultado é um aumento da inflação. "O primeiro ano do governo Serra traria uma inflação de 10% nos preços do varejo; no governo Lula, a inflação seria de 15%", diz um economista de um banco estrangeiro.

Há mais. O fluxo de investimentos diretos para o Brasil deveria encolher abruptamente e o saldo do balanço de pagamentos dependeria mais do aumento das exportações e da restrição das importações. "O financiamento por meio de mecanismos financeiros vai perder importância", diz o economista. "Mais com o Lula do que com o Serra, claro."

Ibope

A margem de erro da pesquisa do Ibope divulgada nesta terça-feira no Jornal Nacional é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos. Juntos, os oposicinistas de Lula somam 45%, incluindo o 1% de Zé Maria (PSTU).

Nesse levantamento, Ciro Gomes caiu dez pontos percentuais entre os eleitores com instrução superior, passando de 24% para 10%. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Anthony Garotinho (PSB) captaram esses votos. Ambos cresceram três pontos percentuais dentro desse eleitorado: Lula subiu para 44% e Garotinho, 7%.

José Serra (PSDB), segundo colocado, oscilou positivamente um ponto entre os eleitores com curso superior, passando de 20% para 21% _o que o deixa dentro da margem de erro da pesquisa.

Na simulação de segundo turno, Lula ganha dos três adversários diretos segundo o Ibope. O petista aumentou sua vantagem sobre Serra e Ciro, permanecendo estável apenas contra Garotinho. Lula venceria Serra por 53% a 36% (anteriormente, o placar era 52% contra 38%). Contra Ciro, o resultado seria 55% para Lula e 32% de Ciro. Antes, o resultado era 53% a 36%. Contra Garotinho, Lula venceria por 55% a 33%.

A pesquisa foi feita entre 14 e 16 de setembro. A medição anterior havia sido feita entre 24 e 26 de agosto. O Ibope entrevistou 3.000 eleitores, em 203 municípios do país.

Vox Populi

Divulgado nesta quarta-feira (18/09), o levantamento do Vox Populi mostra Lula com 42% das intenções de voto. Juntos, José Serra e Ciro Gomes não alcançam o percentual do petista.

Lula subiu de 39% para 42%, enquanto Serra passou de 19%para 17% e Ciro oscilou de 17%para 15%.. Garotinho manteve-se em 12%.

Nas simulações de segundo turno, Lula ganharia de todos os concorrentes. Contra Serra, o petista tem 53% e o candidato do PSDB, 31%. Contra Ciro, Lula ganha de 55% a 28% e contra Garotinho, de 54% a 27%.

A pesquisa tem margem de erro de 1,9 ponto percentual e foi realizada com 2.800 pessoas em 172 municípios entre os dias 15 e 16 de setembro.

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