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Luciano Coutinho nega concentração nos desembolsos do BNDES

O banco tem sido alvo de críticas por ter concedido créditos a vários grupos empresariais, entre eles grandes frigoríficos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h46.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou nesta sexta-feira (6) que o total de desembolsos de recursos pela instituição em 2010 deve ficar próximo dos R$ 136,3 bilhões registrados em 2009.

Após participar de evento em São Paulo com empresários, Coutinho fez uma defesa da atuação da instituição na concessão de financiamentos. Recentemente, o banco foi alvo de críticas por ter concedido créditos a vários grupos empresariais, entre eles grandes frigoríficos. Um artigo da revista "The Economist", publicado nesta semana, mostra que duas empresas do ramo, a JBS e a Marfrig, receberam da instituição oficial R$ 18,5 bilhões.

Perguntado sobre as queixas de pequenos e médios frigoríficos, que dizem ter difícil acesso a financiamentos do banco, Coutinho comentou: "O setor passou por um ciclo de investimentos muito forte, criou capacidade ociosa muito alta e veio a crise internacional. Isso gerou problemas estruturais que não têm nada a ver com o BNDES.

O banco ajudou quem tinha condições financeiras de maneira a minimizar os problemas do setor", afirmou. "Se o BNDES apoiasse empresas altamente fragilizadas, impedidas até de operar com banco, a instituição estaria fazendo o papel de hospital, o qual não faz. O que o BNDES pode fazer para aliviar essa situação foi apoiar aqueles que tinham condições para minimizar os problemas do setor."

Coutinho ressaltou que os negócios que envolvem empresas processadoras de carne requerem biotecnologia genética, métodos de processos industriais extremamente rigorosos e "representam um negócio relevante para um pedaço do sistema empresarial brasileiro".

"Há uma noção inteiramente falsa de que o BNDES só apoiou esse setor. O grosso do apoio do BNDES é em infraestrutura. Na indústria, há uma ampla diversificação de apoio dos bancos. Toda a empresa, de qualquer setor, que chega ao banco e tem um bom projeto, com taxa de retorno e garantias adequadas, é apoiada. Não existe predeterminação, favoritismo. Existe análise técnica e consistência dos projetos."

Coutinho rebateu as críticas feitas por especialistas, segundo as quais, com a economia em franca expansão, já seria o momento de suspender a concessão emergencial de financiamentos para empresas, medida adotada no ano passado para reanimar os investimentos no País, que caíram de forma brutal com a crise financeira mundial.

O Poder Executivo utilizou recursos do Tesouro para ampliar o funding do banco oficial em R$ 180 bilhões no biênio 2009-2010, a fim de retomar o avanço da formação bruta de capital fixo no País. Logo após a crise, os investimentos chegaram a 16,9% do PIB. De acordo com o IBGE, a taxa atingiu 18% do PIB no primeiro trimestre de 2010.

"Essa é uma política não só do BNDES, mas também do governo, e implementada para promover uma recuperação mais rápida dos investimentos, visando a ampliar a capacidade produtiva de uma maneira proativa", afirmou. "Ela funcionou muito bem e foi inicialmente criada com uma taxa de 4,5% (juros), que subiu depois para 5,6%. A iniciativa tem até o fim deste ano como data-limite."

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