Varejo: muitas lojas fizeram liquidações mais cedo para desovar seus estoques. "Foi o pior dia das Mães e dos Namorados dos últimos 12 anos", disse economista (Patrick T. Fallon/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2015 às 08h33.
São Paulo - Nem mal o inverno começou, as varejistas começaram a temporada de liquidações para desovar seus estoques. "O termo liquidação começou a perder seu sentido", observou o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O desempenho de vendas abaixo do esperado em recentes datas comemorativas, como o dia das Mães e dos Namorados, dá indícios de que outras datas importantes, como o dia dos Pais, das Crianças e Natal, poderão ser afetadas, afirmou Bentes. "O varejo de modo geral tem sido muito castigado. Não é uma crise, são várias crises", disse Bentes, lembrando que a inflação em alta, a desaceleração da economia e restrição de crédito têm levado a atividade a uma deterioração. "Foi o pior dia das Mães e dos Namorados dos últimos 12 anos", disse.
Em um momento em que o comércio enfrenta seu pior desempenho desde 2003, as companhias intensificaram as demissões e novos ajustes podem ocorrer, segundo fontes.
Levantamento feito pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo mostra que a Lojas Marisa foi a que mais cortou entre janeiro até o dia 15 de junho na região metropolitana de São Paulo. Foram registradas 452 homologações no período, ante 260 feitas no mesmo período do ano passado.
A Riachuelo cortou 280 pessoas no mesmo período, 53% acima na comparação com igual período de 2014. Na C&A, foram 330 demissões, ante 225. A Renner foi a única que cortou menos sobre o mesmo período do ano anterior, 121 ante 151. De janeiro a maio, foram homologadas 49.310 demissões no comércio na capital paulista, nos mais variados setores. Em 2014 inteiro foram 121,8 mil rescisões.
Os subsetores do comércio, como revendas automotivas e materiais de construção, foram os que mais demitiram. A evolução do emprego no comércio de bens duráveis (móveis e eletrodomésticos, equipamentos e materiais de escritório) recuou 0,5% em maio, ante abril, e caiu 0,2% em relação a maio de 2014.
O setor de semiduráveis (tecidos, vestuário e calçados) recuou 0,3% em maio ante abril e caiu 1% sobre maio passado, informou o CNC, com base nos dados do Caged. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.