Economia

Líderes se reúnem em Davos e desafiam chances de fracasso

Encontro de líderes empresariais e chefes de Estado ocorre em meio à crise e à falta de confiança no futuro


	O discurso do chefe de governo italiano, Mario Monti, no Fórum Econômico Mundial terá como tema a liderança em meio à adversidade
 (Vincenzo Pinto/AFP)

O discurso do chefe de governo italiano, Mario Monti, no Fórum Econômico Mundial terá como tema a liderança em meio à adversidade (Vincenzo Pinto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2013 às 18h11.

Zurique - O primeiro-ministro italiano Mario Monti dará o tom para os líderes empresariais e políticos reunidos em Davos nesta semana no Fórum Econômico Mundial, com um discurso intitulado "Liderando contra a adversidade".

O encontro vai reunir mais de 1.500 líderes empresariais e até 50 chefes de Estado ou de governo. Muitos enfrentam a duradoura crise para fazer com que as economias e as empresas passem pela turbulência global com menos danos possível.

"É muito claro que o futuro da economia mundial é baseado em restaurar a confiança. Restaurar a confiança nos líderes, restaurar a confiança em nosso futuro e isso significa que precisamos deixar este estado de crise", afirmou o fundador do fórum, Klaus Schwab, em entrevista coletiva.

Ainda há um bom caminho a ser percorrido, de acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de relações públicas globais Edelman e publicado na segunda-feira.

"Há uma incrível falta de confiança na liderança", disse Richard Edelman, presidente da empresa. "Os níveis de confiança em governos são piores do que para o negócio, mas ambos são terríveis." A pesquisa anual da Edelman em 26 países mostrou um aumento de confiança na administração pública e nas empresas em relação ao ano anterior.

Mas apenas 26 por cento confiam nos empresários para resolver problemas sociais e 15 por cento nos líderes governamentais. O levantamento indicou ainda que apenas 19 por cento esperam que empresários tomem decisões éticas, enquanto apenas 14 por cento disseram o mesmo para os políticos.


Edelman disse que a confiança em figuras públicas foi corroída por uma série de escândalos no setor bancário, bem como as controvérsias que vão desde a admissão de doping do ciclista Lance Armstrong, até o expurgo do político chinês Bo Xilai em um caso de assassinato e um escândalo de abuso sexual envolvendo um ex-apresentador britânico da emissora BBC.

Embora a Europa tenha conseguido --apenas-- manter a zona do euro intacta em 2012 e Washington tenha se afastado --na última hora-- do "abismo fiscal", uma pesquisa do fórum neste mês mostrou líderes empresariais e acadêmicos temerosos de que os políticos não estejam resolvendo os problemas fundamentais.

E os políticos terão todos esses desafios novamente em 2013, sujeitos ao crivo do eleitor. Monti irá defender suas medidas de austeridade em eleições daqui a quatro semanas, e a chanceler alemã, Angela Merkel, espera que uma derrota na eleição regional no fim de semana não atrapalhe a sua reeleição este ano.

MAL-ESTAR

O relatório anual de risco do fórum citou a desigualdade e o peso da dívida pública como as maiores ameaças econômicas. Destacou também o aumento da preocupação com o mau tempo.

A crise dos reféns da Argélia, a campanha francesa contra os islamitas em Mali e as consequências da Primavera Árabe também serão temas quentes, com muitos líderes da África e do Oriente Médio participando de Davos, assim como executivos do setor de petróleo e gás.

"Estamos diante de uma nova realidade de choques repentinos e mal-estar mundial prolongado", disse Schwab. "O crescimento neste novo contexto exige dinamismo, visão ousada e ação ainda mais ousada." A elite de Davos será protegida contra manifestantes por um anel de arame farpado e até 5 mil soldados suíços, ainda que ativistas se preparem para anunciar o prêmio de "a pior empresa do ano", e grupos suíços de esquerda planejem pequenos protestos contra a especulação financeira.


O chairman do UBS, Axel Weber, e o presidente-executivo do JP Morgan Chase, Jamie Dimon, estão entre os principais representantes da indústria financeira, que é o setor menos confiável, segundo a pesquisa Edelman, com apenas 50 por cento globalmente.

E o Fórum Econômico Mundial está tentando aumentar as habilidades dos líderes oferecendo meditação matinal e até mesmo uma sessão com um trombonista intitulada: "Como pode o jazz servir como um modelo estratégico para a diplomacia, liderança, colaboração e inovação?" Mas os executivos estarão mais provavelmente à procura de negócios concretos e idéias inovadoras em Davos num momento em que surgem sinais frágeis de confiança retornando à economia mundial.

"Há mais certezas do que havia três ou quatro meses atrás", disse Kevin Kelly, presidente-executivo da Heidrick & Struggles. "Esta é uma virada no humor. Há um velho ditado que diz que do chão não passa; economicamente falando, estamos no porão agora. Não há para onde ir, só para cima.".

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