O presidente da Comissão Europeia: Barroso se mostrou "descontente" com os esforços que até agora "alguns países" fizeram para fomentar o crescimento e o emprego (Frederick Florin/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2012 às 13h13.
Bruxelas - Os presidentes do Conselho Europeu, do Executivo comunitário e dos sindicatos da UE pediram, nesta quinta-feira, que os Estados-membros tomem medidas para impulsionar o crescimento econômico e o emprego, enquanto são preparados protestos contra as medidas de austeridade em toda a União para o próximo dia 14 de novembro.
Os líderes das instituições comunitárias e os interlocutores sociais coincidiram em assinalar a necessidade deste tipo de medidas na cúpula social tripartida realizada nesta quinta em Bruxelas, exatamente antes do começo da reunião de chefes de estado e de governo que acontece hoje e amanhã na capital belga.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durao Barroso, se mostrou "descontente" com os esforços que até agora "alguns países" fizeram para fomentar o crescimento econômico e o emprego, e mais em particular para aplicar as recomendações específicas por países aprovadas pela UE e o pacto fiscal.
"É certo que foram feitos mais progressos na consolidação fiscal do que no crescimento e no emprego", admitiu o presidente da CE, que evitou citar os países que segundo sua opinião, não fizeram "esforços suficientes".
Barroso acrescentou que percebe "pouca disponibilidade entre os Estados-membros para promover os investimentos sociais", em alusão às atuais negociações sobre o orçamento comunitário para o período 2014-2020.
Na mesma linha, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, recalcou que o emprego e o crescimento "seguem sendo os principais alvos" da União e insistiu na necessidade de "fazer rápidos progressos" nessa direção.
"Mas estas ações só serão efetivas se alcançarmos a estabilidade financeira", disse Van Rompuy, que se mostrou aberto a "explorar novas ideias com os líderes europeus" na cúpula de líderes dos 27.
Por sua vez, o secretário-geral da CCOO e o atual presidente da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), Ignacio Fernández Toxo, disse que existem "diferenças claras de apreciação" entre o órgão e os líderes comunitários acerca de atual situação econômica e social na UE e sobre as políticas que estão sendo realizadas.
No entanto, Toxo acrescentou que tanto a UE como os sindicatos "estão de acordo com a necessidade de atuar para fomentar o crescimento e o emprego, e que a austeridade não funciona".
A Europa "necessita de um autêntico plano de crescimento e emprego", destacou Toxo, que lembrou que a União entrou em recessão em 2012 e que o desemprego continuou crescendo até ultrapassar 10%.
"A política de austeridade praticada unicamente sobre as medidas de ajuste fiscal é um autêntico suicídio em termos econômicos e extremamente injusta em termos econômicos e sociais", destacou.
O presidente da CES lembrou que os sindicatos europeus convocaram uma "jornada de ação" em toda UE para o próximo dia 14 de novembro para expressar sua rejeição às políticas de austeridade.
Toxo também ressaltou o "crescente mal-estar político" da cidadania, o que segundo sua opinião, se reflete na greve geral convocada nesta quinta-feira, na Grécia.
No caso da Espanha, os sindicatos se organizam para uma greve geral no marco da jornada europeia convocada pela CES para o dia 14.
O secretário-geral da CCOO e seu colega da UGT, Cándido Méndez, recalcaram que a decisão definitiva sobre a convocação será feita amanhã, nos órgãos correspondentes de suas respectivas organizações, embora tenham dado indícios de que a greve geral será aprovada.
Toxo assinalou a importância do acordo da CES para convocar uma jornada de ação em toda a UE, e acrescentou que já havia razões na Espanha para a convocação de uma greve geral pelo "ajuste brutal" que o governo anunciou em julho e pelo projeto de lei de orçamentos para 2013.
"O governo está fazendo com que a greve geral seja inevitável", disse o dirigente de Comissões Operárias após participar da cúpula tripartida.
Por sua vez, Méndez destacou que na quarta-feira foi a primeira vez em que houve uma declaração comum de todos os representantes dos trabalhadores europeus em favor de uma greve contra as medidas de austeridade.
Além disso, o diretor-geral da patronal europeia "BusinessEurope", Philippe De Buck, confiou que as empresas da UE "não sejam objeto" das ações convocadas pelos sindicatos europeus para o dia 14.