Economia

Líderes norte-americanos se voltam para a Ásia

O presidente do México receberá líderes dos Estados Unidos e do Canadá, voltando sua atenção para a Ásia para revitalizar o bloco comercial de 20 anos

O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto: Peña Nieto receberá Barack Obama e o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper (Rodrigo Arangua/AFP)

O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto: Peña Nieto receberá Barack Obama e o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper (Rodrigo Arangua/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 09h32.

México - O presidente do México receberá na quarta-feira os líderes dos Estados Unidos e do Canadá, com os vizinhos norte-americanos voltando sua atenção para a Ásia para revitalizar o bloco comercial de 20 anos.

O presidente Enrique Peña Nieto receberá seu homólogo dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, no palácio do governo na cidade de Toluca, no estado do México.

Embora a violência causada pelo tráfico de drogas tenha sido o centro das atenções nas últimas reuniões, Peña Nieto provavelmente buscará voltar as atenções para questões econômicas e o Nafta (North American Free Trade Agreement) que completou 20 anos em janeiro.

Apesar de ter sido anunciada como a reunião dos "Três Amigos", ela acontece em meio a alguns atritos.

O México está irritado com a rejeição do Canadá de pôr fim aos pedidos de visto que tornam mais difícil para os mexicanos visitar o país. Peña Nieto terá a chance de discutir a questão na terça-feira, pois Harper já está no México para o encontro.

Enquanto isso, o governo canadense pressiona os Estados Unidos para se decidir, finalmente, sobre o oleoduto Keystone XL, um projeto controverso que levaria petróleo do Canadá para o Texas, que vem enfrentando inúmeras objeções de ambientalistas.

As conversas se focarão, contudo, em como melhorar o bloco comercial que responde por cerca de um terço do produto interno bruto mundial.

Embora o Nafta tenha levado à intensificação do comércio entre os vizinhos, as autoridades reconhecem que ainda há lacunas e que seu potencial futuro está em alcançar um acordo de comércio com nações asiáticas conhecido como o Acordo de Associação Transpacífico (TPP).

"Não é do interesse dos três países reabrir o Nafta", disse o vice-chanceler mexicano, Sergio Alcocer.

"As negociações estão acontecendo via TPP para cobrir esses itens que não estavam incluídos no acordo de 20 anos atrás", acrescentou.

Autoridades dos EUA dizem que o TPP pode levar os parceiros norte-americanos a entrar em acordo sobre os padrões de trabalho e meio-ambiente que faltaram no acordo do Nafta.


"Houve algumas críticas, no passado, sobre essas questões que não são tratadas no Nafta", disse uma autoridade da administração dos EUA, que pediu anonimato. "O TPP, em parte, pretende tapar esses buracos".

A fonte disse que o governo espera completar o acordo do TPP com as 12 nações este ano, depois de não conseguir um acordo em 2013.

O projeto de TPP inclui as nações do Nafta, além da Austrália, Brunei, Chile, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã, ou seja, 40% da economia global.

Especialistas dizem que outra forma de aprimorar o Nafta é renovar as fronteiras entre México e EUA porque os caminhões estão ficando muito tempo nas alfândegas.

"Temos que falar aos EUA e ao Canadá que, apesar do interesse no TPP, devemos continuar melhorando o funcionamento do Nafta", disse Luis de la Calle, um ex-oficial do comércio mexicano que participa das negociações do Nafta.

"Precisamos construir mais pontes e pistas e ter alfândegas abertas 24 horas por dia", disse de la Calle, fundador da consultoria econômica CMM, à AFP.

Os especialistas dizem que os governos precisam aprovar um sistema de "autorização prévia" em que os agentes das alfândegas estariam em solo estrangeiro para inspecionar caminhões, permitindo que eles passassem rapidamente pelas fronteiras.

Para Peña Nieto, a reunião será uma chance para mostrar suas radicais reformas, que incluem uma revisão histórica do setor de energia controlado pelo estado, que ganharam grande interesse em meio às companhias de petróleo.

"O que veremos é um realinhamento das forças na América do Norte por causa do enorme sucesso do México em suas reformas da agenda", disse Duncan Wood, diretor do Instituto México no think tank Wilson Center com sede em Washington.

"O México estará na frente e no centro", disse ele. "É uma história de sucesso dessa vez".

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