Economia

Líderes gregos buscam coalizão para atenuar termos de resgate

O líder deles prometeu suavizar o programa de austeridade do país, apesar da oposição da Alemanha.

"Ontem disse que a Grécia respeita sua assinatura. Ao mesmo tempo queremos a renegociação do plano de resgate", disse Antonis Samaras (Oli Scarff/Getty Images)

"Ontem disse que a Grécia respeita sua assinatura. Ao mesmo tempo queremos a renegociação do plano de resgate", disse Antonis Samaras (Oli Scarff/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2012 às 18h55.

Atenas - Os conservadores da Grécia estão perto de formar um novo governo de coalizão após uma vitória eleitoral apertada, afirmou um representante do partido nesta segunda-feira, depois que o líder deles prometeu suavizar o programa de austeridade do país, apesar da oposição da Alemanha.

Um breve rali motivado pelo alívio nos mercados financeiros internacionais após a eleição de domingo rapidamente se dissipou, ao ficar claro que o Nova Democracia, de Antonis Samaras, havia fracassado em ganhar um mandato popular convincente para implementar os cortes de gastos profundos e o aumento de impostos exigidos pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.

O partido radical de esquerda Syriza e uma série de pequenos partidos contrários às condições atreladas ao resgate de 130 bilhões de euros ganharam cerca de metade dos votos, embora tenham conquistado menos cadeiras porque o sistema eleitoral recompensa de forma desproporcional o partido que conquista a primeira colocação.

Samaras recebeu do presidente da Grécia, Karolos Papoulias, um mandato para formar um governo de coalizão, e uma fonte do Nova Democracia disse que o partido esperava chegar a um acordo na terça-feira, depois que Samaras se reuniu com o terceiro colocado, os socialistas do Pasok, e o pequeno grupo Esquerda Democrática.

Samaras disse que o seu país honraria seus compromissos no âmbito de um resgate que salvou a Grécia da falência e de uma saída dramática da zona do euro, mas acrescentou:

"Vamos simultaneamente fazer algumas alterações necessárias para o acordo de resgate a fim de aliviar o povo do desemprego e das enormes dificuldades".


Samaras se reuniu com o líder carismático do Syriza, Alexis Tsipras, que descartou aderir ao governo, e com o terceiro colocado nas eleições, o socialista Pasok, que não se comprometeu. O líder do Pasok, Evangelos Venizelos, disse que as negociações "devem ser concluídas" na terça-feira.

Uma autoridade de alto escalão da Nova Democracia espera que um acordo de um novo gabinete sairá em breve. "Vamos chegar a um acordo amanhã (terça-feira), formaremos um novo governo", disse a autoridade, que não quis ser identificada.

O objetivo seria acelerar e ampliar um programa de privatização para encher os cofres do Estado, mas também pedir aos seus credores para distribuir 11,7 bilhões de euros em cortes de austeridade ao longo de quatro anos, em vez de dois.

O Pasok também ocuparia cargos ministeriais, o que significa que os dois partidos que dominaram a Grécia por décadas e levaram o país à crise devem permanecer no poder, apesar da forte presença do Syriza. O funcionário também expressou esperança de que a Esquerda Democrática também participe.

A economia da Grécia deve se contrair 5 por cento neste ano, após encolher 7 por cento no ano passado. Protestos regularmente sufocam o centro de Atenas, alguns hospitais estão com falta de medicamentos, milhares de empresas fecharam suas portas e os mendigos e sem-teto estão se multiplicando.

"A crise foi adiada, não necessariamente evitada", disse Theodore Couloumbis, analista político e vice-presidente do instituto de estudos de Atenas ELIAMEP.

"Para esse governo durar ele precisa mostrar resultados. Você não pode continuar com desemprego de 50 por centro entre os jovens e um quinto ano consecutivo de recessão", acrescentou.

Durante a campanha eleitoral, Samaras pediu por cortes nos impostos, aumentos nos benefícios de desemprego, aumentos de pensões e mais dois anos para cumprir as metas fiscais.

Mas a Alemanha, já irritada com o que vê como um ritmo lento das reformas gregas, descartou mais atrasos a algumas metas do pacote de resgate -- o segundo recebido pela Grécia desde 2010.

A chanceler alemã, Angela Merkel, falando em uma reunião de líderes do G20 no México, disse que qualquer afrouxamento dos compromissos de reforma da Grécia seria inaceitável e reiterou que os gregos tinham que se ater aos compromissos que já assumiram.

Alemanha diz que acordo é "não negociável"

Houve frustração na Alemanha por Samaras ter feito campanha com a promessa de renegociar o resgate, dado o aumento da resistência entre os gregos que estão sofrendo o aperto financeiro.

Uma coalizão que obteve apenas 40 por cento dos votos teria dificuldade para pressionar por reformas em face do ressentimento público profundo com as rodadas repetidas de aumentos de impostos e cortes nos salários e pensões.

Com quase 100 por cento dos votos apurados, o Nova Democracia ganhou 29,7 por cento dos votos, à frente do Syriza com 27 por cento e do Pasok com 12,3 por cento.

Com bônus de 50 cadeiras ao Nova Democracia por ter ficado em primeiro lugar, uma aliança teórica Nova Democracia-Pasok teria 162 assentos no Parlamento de 300 lugares. Acrescentando a Esquerda Democrática, isso daria uma maioria de 179 assentos.

"O resultado mostrou que o povo quer o euro, mas a sociedade continua dividida. O Syriza será um militante da oposição, possivelmente complicando os esforços do novo governo", disse uma autoridade do Nova Democracia, sob condição de anonimato.

Nos mercados, o alívio foi breve. Apesar de o FTSEUROFIRST 300 ter subido mais de 1 por cento na abertura, o índice devolveu os ganhos com menos de duas horas, com os problemas sobre a zona do euro levando os investidores de volta à realidade. A alta do euro também evaporou.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaCrise gregaEuropaGréciaPiigsUnião Europeia

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições