Economia

Líderes do G20 e FMI alertam para desaceleração da economia global

Apesar de não terem ocorrido denúncias ao protecionismo, líderes mundiais fizeram apelo por ambiente de comércio livre e justo durante reunião do grupo

G20: reunião discutiu acordos globais (Kazuhiro Nogi/Pool/Reuters)

G20: reunião discutiu acordos globais (Kazuhiro Nogi/Pool/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de junho de 2019 às 12h23.

Última atualização em 29 de junho de 2019 às 12h25.

São Paulo - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou neste sábado (29) que, apesar das projeções de que o crescimento da economia mundial se fortalecerá um pouco, os riscos às perspectivas econômicas continuam altos ao mesmo tempo em que a economia global "está em um momento difícil". Além disso, ela pontuou que os bancos centrais precisarão continuar a ajustar suas políticas diante dos dados econômicos recentes e enfatizou que a política fiscal deve "equilibrar o apoio ao crescimento e a sustentabilidade da dívida". Os comentários de Lagarde foram feitos durante a reunião de cúpula do G20, em Osaka, no Japão.

"O investimento enfraqueceu e o comércio desacelerou significativamente, com as taxas de crescimento das exportações e importações em seu nível mais baixo desde a grande crise financeira", apontou Lagarde. Para ela, o principal dos riscos à economia mundial está no comércio e, apesar da diretora-gerente do FMI dizer que a retomada das negociações entre Estados Unidos e China é bem-vinda, "as tarifas já implementas estão pesando na economia global, e questões não resolvidas carregam uma grande incerteza sobre o futuro".

Em comunicado divulgado neste sábado, Lagarde disse ter reiterado que a prioridade deveria ser reduzir os obstáculos ao comércio e abordar as fontes de tensões e distorções comerciais. "Precisamos de um sistema de negociação adequado para o mundo de hoje, o que significa eliminar as lacunas no livro de regras internacionais, incluindo áreas como subsídios agrícolas e industriais, serviços e comércio eletrônico", apontou. Ela afirmou, ainda, que se uniu aos líderes do G20 para pedir por uma reforma acelerada da Organização Mundial do Comércio (OMC), que beneficie todas as economias.

Para a diretora-gerente do FMI, o G20 também deve continuar com os esforços para "abordar uma série de questões comuns urgentes", como tributação das empresas, corrupção, mudanças climáticas e reforma da regulamentação financeira. Na avaliação de Lagarde, apesar do "estágio precário" da economia global no momento, "podemos superar os desafios que enfrentamos e colocar o mundo em um caminho mais forte, mais sustentável, equilibrado e de crescimento inclusivo com as políticas certas".

Comunicado de líderes

Em um comunicado no final de uma reunião de dois dias na cidade de Osaka, no oeste do Japão, os líderes disseram que o crescimento global continua baixo e que os riscos permanecem, à medida que as tensões comerciais e geopolíticas cresceram.

"Nós nos esforçamos para criar um ambiente de comércio e investimento livre, justo, não discriminatório, transparente, previsível e estável, e para manter nossos mercados abertos", disseram, em um segundo comunicado seguido sem citar a necessidade de resistir ao protecionismo.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que os líderes do G20 tinham muito em comum, como o reconhecimento compartilhado da necessidade de o grupo continuar sendo o principal motor do crescimento global. "O G20 concordou com os princípios fundamentais que apóiam um sistema de livre comércio", disse Abe, acrescentando que o grupo também prometeu uma ação mais forte para melhorar o sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Ao preparar o comunicado do G20, o Japão, que presidiu as reuniões, buscou um terreno comum entre os Estados Unidos, que se opõem às críticas ao protecionismo, e outras nações que buscam um alerta mais forte contra a tensão comercial.

"Não houve decisões inovadoras, mas... todos os participantes confirmaram sua aspiração de trabalhar mais na melhoria do sistema global de comércio, incluindo a aspiração de trabalhar na reforma da OMC", disse o presidente russo, Vladimir Putin, em entrevista coletiva neste sábado. "O fato de que todos confirmaram a necessidade deste processo e sua prontidão para trabalhar nesse processo já é positivo", acrescentou.

As consequências da guerra comercial entre EUA e China sacudiram os mercados ultimamente, testando a determinação dos membros do G20 de apresentarem uma frente unida para evitar uma recessão global. Os Estados Unidos e a China concordaram em reiniciar as negociações comerciais, oferecendo alguma esperança de que as duas maiores economias do mundo possam resolver a amarga disputa.

Ao mesmo tempo, a União Europeia e o Mercosul fecharam um acordo de livre comércio na sexta-feira, comprometendo-se com mercados mais abertos, desafiando a onda crescente de protecionismo.

A cúpula do G20 do ano passado em Buenos Aires foi a primeira a abandonar a linguagem sobre a necessidade de denunciar o protecionismo, de acordo com um pedido dos Estados Unidos, que são sensível às críticas às tarifas que estão adotando contra alguns membros do G20.

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