Economia

Líderes concordam votar PEC que pode tornar Orçamento impositivo

Se aprovada, governo terá de executar obrigatoriamente despesas definidas por Legislativo; atualmente, equipe econômica pode redefinir gastos

Câmara: parlamentares podem definir mudanças no Orçamento (Luis Macedo/Agência Câmara)

Câmara: parlamentares podem definir mudanças no Orçamento (Luis Macedo/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de março de 2019 às 15h31.

Brasília - Num momento de embate entre o Congresso e o Palácio do Planalto, lideranças da Câmara decidiram nesta terça-feira, 26, pôr em votação uma Proposta de Emenda à Constituição de 2015 que tem o potencial de tornar todo o Orçamento da União impositivo. Isso significa que o governo terá de executar obrigatoriamente as despesas aprovadas pelo Legislativo.

Hoje, o Orçamento é apenas autorizativo, e a equipe econômica pode redefinir alguns gastos. A proposta do deputado Hélio Leite (DEM-PA), até então adormecida, já foi aprovada pelas comissões da Casa e está pronta para ir ao plenário. O texto ainda obriga o governo a aplicar 1% da Receita Corrente Líquida (RCL) em emendas coletivas. Atualmente, não há na Constituição previsão de obrigatoriedade para emendas de bancada, embora os parlamentares tenham inserido isso nas últimas Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDOs).

A inclusão da medida na pauta do dia foi definida em reunião realizada no início desta tarde na Câmara, logo após a divulgação de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não iria mais comparecer nesta terça a uma reunião na Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ). A decisão das lideranças também ocorre após o governo anunciar um corte de R$ 29,8 bilhões no Orçamento deste ano.

Segundo lideranças ouvidas pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o projeto acaba com a discricionariedade, e todo o Orçamento passa a ser impositivo. Houve consenso na reunião das lideranças para a inclusão do projeto na pauta de votações. O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), não estava presente ao encontro, nem a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). O líder do PSL, delegado Waldir (PSL-GO), estava presente, mas não ofereceu resistência, segundo relatos de pessoas presentes à reunião.

O projeto aumenta o poder do Congresso, que vive uma crise intensa com o governo de Jair Bolsonaro. "É o resgate das nossas prerrogativas", afirmou o líder do DEM, Elmar Nascimento (BA). Segundo o deputado, pela proposta, as regras para destinação de emendas serão definidas pelos colegiados do Congresso, como a Comissão Mista de Orçamento (CMO). Caso o Executivo queira alterar alguma destinação, precisará fazer por meio de projeto de lei que precisará de aprovação dos parlamentares.

O projeto considera obrigatória, ressalvado impedimento técnico e observadas as limitações fiscais, a execução de programações que integrem políticas públicas e metas prioritárias, observado o plano plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

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