Economia

Levy ganha voto de confiança antecipado de investidores

Os investidores acreditam que Levy possa reduzir o déficit fiscal, conter o aumento da inflação e tirar o país da recessão


	Joaquim Levy: as notas locais do país com vencimento em 2023 estão registrando seu melhor desempenho semanal
 (Thomas Lee/Bloomberg)

Joaquim Levy: as notas locais do país com vencimento em 2023 estão registrando seu melhor desempenho semanal (Thomas Lee/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2014 às 13h41.

São Paulo e Santiago - Joaquim Levy está recebendo um voto de confiança antecipado dos investidores em títulos brasileiros.

As notas locais do país com vencimento em 2023 estão registrando seu melhor desempenho semanal desde a emissão, em 2012, depois que um funcionário familiarizado com o pensamento da presidente Dilma Rousseff disse que ela está se preparando para nomear Levy como ministro da Fazenda amanhã.

Os rendimentos dos títulos caíram 0,86 ponto porcentual nos últimos cinco dias, para 12,05 por cento, contra uma queda média de 0,02 ponto porcentual nos mercados emergentes.

A recuperação sinaliza que os investidores acreditam que Levy, que foi secretário do Tesouro, possa reduzir o maior déficit fiscal em uma década, conter o aumento da inflação e tirar a maior economia da América Latina da recessão, segundo a Standard Chartered e a Spinnaker Capital.

Levy, atualmente diretor da Bradesco Asset Management Ltd., ajudou o Brasil a ganhar o grau de investimento em 2008 reduzindo o nível da dívida do país durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor de Dilma.

“Levy é extremamente respeitado pelo mercado e a recuperação vista nos títulos reflete isso”, disse Camila Abdelmalack, economista da corretora CM Capital, por telefone, de São Paulo.

“Ele tem uma postura bastante austera e está sendo recebido como um paciente recebe uma prescrição de antibióticos: algo que é simplesmente necessário para começar a colocar as finanças do governo de novo nos trilhos”.

Mandato no Tesouro

A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto preferiu não comentar o desempenho dos títulos em moeda local do país e a nomeação de um novo ministro da Fazenda.

Dilma nomeará Levy, 53, para o lugar do atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse o funcionário do governo que foi informado a respeito dos planos da presidente e que pediu anonimato porque as discussões são privadas.

Durante o mandato de Levy no Tesouro, de janeiro de 2003 a março de 2006, o Brasil reduziu sua dívida pública de 60 por cento para 48 por cento do produto interno bruto.

Ele emitiu os primeiros bonds do Brasil denominados em reais e melhorou o perfil da dívida do país prolongando seu vencimento e reduzindo a fatia de bonds ligados a moedas estrangeiras. Levy não respondeu a um e-mail em busca de comentários enviado após o horário comercial.

Como ministro da Fazenda, ele teria a tarefa de reanimar uma economia que avançará apenas 0,3 por cento neste ano e conter uma inflação anual que excedeu a meta do país, de 4,5 por cento, por cinco anos consecutivos. O déficit fiscal do Brasil quase dobrou para 4,92 por cento do PIB desde que Dilma assumiu em 2011.

Perspectiva do rating

Ele também teria a tarefa de evitar outro rebaixamento do rating.

A Standard Poor’s, que concedeu o grau de investimento ao Brasil em abril de 2008, rebaixou o rating em março deste ano para BBB-, um nível acima do grau especulativo, citando a piora das contas fiscais.

A Moody’s Investors Service fez o mesmo em setembro, rebaixando sua perspectiva sobre o rating Baa2 do Brasil, o segundo mais baixo grau de investimento, para negativa.

A piora da economia e das finanças do Brasil haviam feito os yields dos bonds de 2023 do país atingirem o maior patamar em oito meses, de 12,995 por cento, no dia 13 de novembro, antes de começarem a cair, na semana passada.

“Joaquim Levy é muito respeitado pelo mercado”, disse Alexandre Ataíde, gestor que ajuda a administrar US$ 1 bilhão, incluindo títulos da dívida brasileira, em São Paulo, na Spinnaker Capital.

A perspectiva de nomeação de Levy também impulsionou o real, que registrou a maior valorização entre as principais moedas. O real teve uma valorização de 0,6 por cento ontem, para 2,5301 por dólar, que representa uma alta de 1,6 ao longo dos últimos cinco dias.

Levy é “definitivamente um grande nome”, disse Italo Lombardi, economista da Standard Chartered, por telefone, de Nova York. “Os mercados estarão esperando para ver que sinais ele envia”.

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