Economia

Lemann se diz preocupado com o Brasil: "Queremos brigar mais que dialogar"

Empresário diz que o país está "performando mal" e que brasileiros precisam conversar mais entre si

Jorge Paulo Lemann: empresário é o segundo brasileiro mais rico segundo levantamento da revista "Forbes" (Lucy Nicholson/Reuters)

Jorge Paulo Lemann: empresário é o segundo brasileiro mais rico segundo levantamento da revista "Forbes" (Lucy Nicholson/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 17 de setembro de 2021 às 20h12.

Última atualização em 17 de setembro de 2021 às 20h29.

O empresário Jorge Paulo Lemann, o segundo brasileiro mais rico segundo levantamento da revista Forbes, afirmou nesta sexta-feira estar "um pouco preocupado" com o Brasil, um vez que a capacidade de diálogo perdeu espaço para as brigas. Segundo ele, o país está "performando mal" e os brasileiros precisam conversar mais e ouvir mais pontos de vista diferentes. Defendeu a necessidade do diálogo e da tomada de soluções pragmáticas.

"Ando um pouco preocupado com o Brasil ultimamente. Acho que o brasileiro normalmente é uma pessoa de diálogo, quer andar para a frente. E ultimamente, nós estamos numa fase de "queremos brigar mais do que dialogar". Acho que a internet, que poderia ser uma forma de entrosar mais o mundo, na realidade tem contribuído para essas briguinhas. Muita gente usando fake news para se promover e promover suas ideias, e torna mais difícil o diálogo", disse Lemann.

Depois, demonstrou um pouco de otimismo:

"Continuo convencido de que, com movimentos como este que estamos fazendo, os brasileiros vão voltar para um sistema de dialogar, de conviver bem e de, através disso, atingirmos um progresso mais rápido. Eu acho que estamos performando mal no Brasil em geral.

Lemann acrescentou:

"Está faltando diálogo. Precisa ter mais diálogo. As pessoas precisam conversar sobre os problemas comuns, ouvir pontos de vista diferentes, e encontrar soluções. Soluções pragmáticas e que nos levem para a frente novamente.

Ele participou de uma videoconferência organizada pelo Movimento Pessoas à Frente, uma entidade apoiada pela Fundação Lemann. No evento, também falou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Leite, que apoiou o presidente Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018, agora é crítico do governo federal.

O governador e o presidente já trocaram inclusive críticas públicas. Leite, que é pré-candidato a presidente em 2022, já defendeu o impeachment de Bolsonaro. Em sua fala, Lemann elogiou Leite:

"Está dando um show de boa governança através do diálogo."

A crise institucional vem repercutindo na economia, com a derrubada das expectativas do mercado para o crescimento no ano que vem e elevação das taxas de juros longos. O presidente Jair Bolsonaro passou semanas criando polêmicas com outros poderes, principalmente com o Supremo Tribunal Federal (STF). A crise escalou após seus pronunciamentos no Sete de Setembro, momento mais agudo da crise institucional.

A situação melhorou um pouco com a carta de recuo do presidente, mas ainda há muita desconfiança em relação à duração dessa trégua. A repercussão no mercado é clara: vários bancos e consultorias já trabalham com projeções que apontam que o avanço do PIB terá variação inferior a 1% no ano que vem. O governo, por sua vez, manteve projeção de crescimento de 2,5% da economia.

Lemann, do fundo 3G Capital, é uma das pessoas mais ricas do Brasil. De acordo com o ranking da revista Forbes, divulgado em agosto, o Brasil tem hoje 315 pessoas com patrimônio de 1 bilhão de reais ou mais. Lemann ocupa a segunda posição da lista, com fortuna avaliada em 96,5 bilhões de reais.

Juros, dólar, inflação, BC, Selic. Entenda todos os termos da economia e como eles afetam o seu bolso. Assine a EXAME 

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraJorge Paulo Lemann

Mais de Economia

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês