Economia

Leia discurso de Civita em Melhores e Maiores

Presidente da Editora Abril diz que economia vai bem, mas mais investimentos em infra-estrutura são necessários

Roberto Civita (--- [])

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Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2014 às 15h13.

O presidente da Editora Abril, Roberto Civita, afirmou nesta terça-feira (7/8), durante a abertura da cerimônia de premiação de MAIORES E MELHORES 2007, que o Brasil não pode "continuar sofrendo os efeitos nefastos de uma infra-estrutura inadequada, indigna e ineficiente." Veja abaixo a íntegra do discurso:

Esta é uma noite especial. Uma ocasião para celebrar as conquistas, os desafios vencidos e os resultados obtidos por empresários, empreendedores e executivos que ajudaram e continuam ajudando a construir o Brasil.

Vivemos um momento como há muito tempo não víamos na economia e nos negócios. O mundo está de bom humor, um estado de espírito inspirado por uma onda inédita de desenvolvimento. E o Brasil vai bem, obrigado. Temos uma política econômica consistente e responsável. Uma taxa de inflação que permanece domada há mais de uma década. Exportações que batem sucessivos recordes. Investidores estrangeiros cada vez mais dispostos a colocar seus recursos aqui. Uma bolsa de valores que, apesar dos eventuais solavancos do mercado internacional, mostra um vigor inédito. Temos um mercado de consumo potencial invejável, recursos naturais em abundância e uma elite empresarial que se supera em competitividade dia após dia.

Em questão de poucos anos, algumas das grandes empresas do país passaram de figurantes a protagonistas do mercado mundial. Nunca, na história de MELHORES E MAIORES, tantas companhias superaram a barreira do 1 bilhão de dólares de faturamento anual. Nunca tantos empresários brasileiros deixaram a condição de locais para se transformar em empreendedores globais. Ao completar 40 anos de existência, EXAME tem o privilégio de retratar e desvendar uma economia e um ambiente de negócios que mudam - felizmente, para melhor.

Aqui, nesta platéia, esta noite, temos a representação do Brasil que dá certo, um lado do país que queremos ardorosamente ver se fortalecer daqui para frente. Trata-se do Brasil que não tem medo da competição, que busca o constante aumento da eficiência e da velocidade de decisões, aprimora sua gestão, sabe premiar o que dá certo e reconhecer e consertar o que está errado. O Brasil das empresas e dos empresários é o país que não se conforma com um papel secundário no mundo. Os senhores sabem que não podem - e, mais importante, não querem ser apenas mais um. Os senhores lutam, dia após dia, para ser os melhores. Essa busca pelo crescimento e pela eficiência - uma busca que só tem real valor quando pautada pela ética nas relações e nas ações - é a grande lição que a livre iniciativa pode dar ao país.


Repito: o Brasil vai bem. Mas quantos aqui não acreditam que poderíamos ir muito além? A pergunta central é: o que estamos de fato fazendo para que nosso desenvolvimento se acelere e se sustente ao longo dos próximos anos e décadas? A busca do empresariado para fazer mais e melhor com menos deveria ser encampada urgentemente pela administração pública em todos os seus níveis e áreas de atuação. Podem me chamar de utópico. Mas sonho com o dia em que a eficiência das melhores empresas brasileiras possa ser encontrada também na gestão dos municípios, dos estados e da União. O desejo de crescimento e de progresso - das empresas como motores da economia, da sociedade e do país - deveria estimular nossos governantes e legisladores a trabalhar com afinco na remoção dos entraves que impedem a aceleração de nosso desenvolvimento. O momento de deixar no passado o Brasil velho, é agora. Estou falando daquela face do país conhecida de todos nós: o Brasil dos múltiplos e excessivos tributos, da legislação trabalhista anacrônica e injusta, da burocracia que nos faz caminhar a passos de tartaruga num mundo de velocidade estonteante. É um perigoso equívoco acreditar que essas amarras punem apenas os empresários. Não. Elas são especialmente perniciosas para a população que busca um emprego formal, quer consumir, estudar, empreender, progredir.

É hora de tomar o nosso futuro nas mãos. O Brasil só será um país maior, mais rico e mais justo socialmente se atacarmos de frente nossos problemas mais óbvios. Ainda que correndo o risco de me tornar repetitivo, insisto naquilo que EXAME e outras publicações da Abril vêm reiterando: urge fazer as reformas trabalhista, tributária e previdenciária não apenas para facilitar a vida de todos agora. Tais reformas - se profundas e suficientemente corajosas para desafiar interesses estabelecidos - servirão para que as próximas gerações construam uma nação mais próspera. Removendo as barreiras ao crescimento, poderemos, literalmente, construir um novo país.

Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar recursos escassos. Não podemos continuar sofrendo os efeitos nefastos de uma infra-estrutura inadequada, indigna e ineficiente - com estradas, portos, ferrovias, aeroportos e usinas insuficientes ou em frangalhos. Não podemos assistir impassíveis ao processo de obstrução das artérias que alimentam nossa economia. Seus efeitos podem não ser totalmente perceptíveis hoje. Mas sabemos que as conseqüências são dolorosas, quando não fatais. A imagem do Brasil transformado em um gigantesco canteiro de obras não pode ser apenas um discurso de efeito. Precisa se transformar em realidade, mobilizando todos os instrumentos possíveis do Estado e da iniciativa privada. E esse passo concreto, de longo alcance e sem improvisos, deve ser dado já.

É fácil esquecer do duro trabalho a fazer num momento em que o mundo nos sorri e em que há abundância de recursos. Mas é sempre bom lembrar: é nos dias de sol que devemos reformar a casa. Quando a chuva chegar - e, por mais que demore um dia ela vai chegar - estaremos protegidos e preparados.

O fantástico é que, apesar de tudo, o país vai bem - sobretudo se olharmos para o que já enfrentamos no passado. A fome de crescimento das economias emergentes e a estabilidade mundial ajudam a impulsionar nossas empresas, como fica claro nesta trigésima quarta edição de MELHORES E MAIORES. As 500 maiores companhias do anuário cresceram mais que o próprio país em 2006. Mas, não devemos, como cidadãos brasileiros, nos satisfazer com isso. O sucesso de cada um aqui pode - e deve - ser o sucesso do Brasil. É assim, sonhando cada vez mais alto, que as grandes nações são construídas.

Às empresas premiadas dessa noite nossos mais efusivos cumprimentos. Continuem assim, modelos de competência e exemplo para o país.

Muito obrigado."

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