Economia

Lei trata trabalhador como menor de idade, diz Odebrecht

Ao não dar espaço a negociação entre empresários e trabalhadores, legislação é um desestímulo à competitividade, na avaliação dos presidentes da Odebrecht e Bosch

Marcelo Odebrecht participa do EXAME Fórum, no Rio de Janeiro (Márcio Irala)

Marcelo Odebrecht participa do EXAME Fórum, no Rio de Janeiro (Márcio Irala)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2012 às 16h09.

São Paulo - Ao predefinir toda a relação entre empregado e empregadores, a lei brasileira atua como um obstáculo à competitividade brasileira, segundo Marcelo Odebrecht, presidente da companhia do mesmo nome. “A legislação trata o trabalhador como menor de idade. É preciso permitir mais liberdade de negociação”, afirmou o executivo durante o Fórum EXAME CNI, evento que abordou, nesta quinta-feira, os desafios da competitividade nacional.

A avaliação do presidente da Bosch América Latina, Besaliel Botelho, vai na mesma direção: o Brasil precisa “aprender” e se valer da flexibilidade da jornada de trabalho para se posicionar diante da volatilidade da economia mundial. “A própria Alemanha conseguiu não demitir ninguém com a flexibilização da jornada de trabalho, em 2008”, afirmou o presidente. Segundo a Bosch, o déficit da balança comercial do setor de autopeças, um dos que mais sofrem com a importação, foi de R$ 4,6 bilhões em 2011. O estimado para este ano é de R$ 5,3 bilhões.

Para o presidente da Odebrecht, o Brasil atingiu o limite na valorização da renda do trabalhador. “Chegamos um ponto em que só dá para aumentar a renda se alterarmos a estrutura da legislação”, disse Marcelo Odebrecht. O ganho real - acima da inflação - dos salários dos trabalhadores do setor de autopeças, por exemplo, foi de 26% desde 2004.

Na avaliação dos presentes no fórum organizado pela EXAME e pela Confederação Nacional da Indústria, o problema é que este aumento não foi acompanhado por grandes ganhos em produtividade ou mudanças na legislação. “Tem que incentivar mais renda, mas com mais produtividade”, disse o CEO da Odebrecht no Brasil.

Entre os exemplos enfrentados pela construção civil, segundo o executivo, estão o elevado número de empregados que querem sair do emprego após um ou dois anos, de maneira a usufruir do FGTS. Além disso, em negociações salariais, a Participação sobre Lucros e Resultados (PLR) tem sido encarada como um 14º salário, e não como estando vinculada à produtividade.

Outro entrave é que no Brasil os salários são nivelados por função. “O carpinteiro de um dia de trabalho tem que ganhar a mesma coisa do que quem tem 20 anos de serviço”, afirmou Marcelo Odebrecht.

Acompanhe tudo sobre:Custo Brasileventos-exameEXAME FórumLegislaçãoLeis trabalhistasreformas

Mais de Economia

Morre Ibrahim Eris, um dos idealizadores do Plano Collor, aos 80 anos

Febraban: para 72% da população, país está melhor ou igual a 2023

Petróleo lidera pauta de exportação do país no 3º trimestre

Brasil impulsiona corporate venturing para atrair investimentos e fortalecer startups