Economia

Latinos são criticados na COP20 por investir em petróleo

Países que participavam das conversas climáticas em Lima, no Peru, foram criticados por planos de aumentar produção de petróleo


	Refinaria de petróleo: o Peru tem planos de acelerar projetos de exploração de petróleo
 (Divulgação)

Refinaria de petróleo: o Peru tem planos de acelerar projetos de exploração de petróleo (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 20h00.

Lima - Países latino-americanos que participam das conversas climáticas desta semana em Lima, no Peru, foram criticados por seus planos de aumentar drasticamente a produção de petróleo.

Algumas nações influentes da região presentes às negociações por um novo tratado global para tentar reduzir os gases de efeito estufa têm projetos para incrementar a produção e o uso de combustíveis fósseis, vistos como os principais culpados pelo aquecimento global.

O Brasil está investindo em áreas costeiras que podem render até 35 bilhões de barris de óleo equivalente recuperáveis.

Ansioso por fontes de energia em um momento no qual as secas severas esgotam os reservatórios das usinas hidrelétricas, o país acaba de aprovar a construção de novas usinas movidas a carvão que serão parcialmente financiadas pelo governo.

O México aprovou recentemente uma nova legislação que permitirá investimentos estrangeiros na produção de petróleo, rompendo o monopólio da estatal Pemex. O país estima ter cerca de 27 bilhões de barris de petróleo ainda não explorado.

Equador, Colômbia e Peru têm planos semelhantes em andamento.

“As políticas do México não vão na mesma direção. Ao mesmo tempo em que aprovaram uma lei ambiciosa de mudança climática, reformaram a legislação energética para aumentar o investimento no petróleo”, disse Gabriela Niño, coordenadora de políticas públicas do Centro Mexicano para os Direitos Ambientais.

O Peru, que sedia as conversas e detém a presidência do processo de negociação climática, debate atualmente se irá isentar algumas petrolíferas das avaliações de impacto ambiental com o objetivo de acelerar projetos de exploração.

Guy Edwards, especialista em clima que estuda políticas latino-americanas na Universidade Brown, disse que os países da região têm tido sucesso em projetar uma imagem ambientalista positiva que não reflete inteiramente a realidade.

“Se você tomar as políticas domésticas de muitos destes países, a retórica ainda está muito adiante da ação”, afirmou.

As nações defendem sua postura, argumentando que também estão fazendo grandes investimentos em energia renovável e reduzindo o desmatamento, por exemplo.

Natalie Unterstell, diretora da Secretaria de Assuntos Estratégicos do Brasil, disse que as condições climáticas adversas dos últimos três anos forçaram o país a recorrer a uma produção maior de energia térmica, incluindo o carvão.

Roberto Dondisch, principal negociador do México em Lima, afirmou que seu país planeja expandir muito o uso do gás natural resultante de novas atividades de exploração.

“Trocar o carvão pelo gás natural nas termoelétricas permitirá ao país reduzir imensamente as emissões de gases de efeito estufa”, declarou.

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