Economia

Landers vê "mudança" no Brasil e prevê crescimento em 2017

Segundo Will Landers, chefe global de mercados emergentes da BlackRock, Michel Temer está deflagrando uma “grande mudança na direção econômica” do Brasil


	William Landers, do BlackRock: “finalmente voltaremos para território positivo no próximo ano com potencial de termos uma surpresa positiva”
 (Ricardo Correa/EXAME)

William Landers, do BlackRock: “finalmente voltaremos para território positivo no próximo ano com potencial de termos uma surpresa positiva” (Ricardo Correa/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2016 às 21h56.

O presidente interino, Michel Temer, está deflagrando uma “grande mudança na direção econômica” do Brasil, segundo Will Landers, chefe global de mercados emergentes da BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo.

O impulso de Temer para reanimar a economia ganhará força quando ele deixar sua condição de interinidade, nos próximos meses, disse Landers. Para lucrar com essa recuperação, ele ampliou os investimentos em ações negociadas no mercado brasileiro para 57 por cento de sua carteira, acima dos 46 por cento de seis meses atrás.

Landers, que administra cerca de US$ 2 bilhões em fundos de ações da América Latina, faz parte de um grupo crescente de investidores que aposta que Temer vai tirar a economia brasileira de sua mais longa recessão em mais de um século e reequilibrar as contas nacionais. Temer assumiu em maio depois que a presidente Dilma Rousseff foi temporariamente afastada para enfrentar um julgamento de impeachment.

“Finalmente voltaremos para território positivo no próximo ano com potencial de termos uma surpresa positiva”, disse Landers, por telefone, na semana passada.

O Ibovespa tem o melhor desempenho do mundo no ano entre os grandes mercados de ações e o real apreciou 20 por cento frente ao dólar em 2016, o maior ganho entre cerca de 150 moedas monitoradas pela Bloomberg. Trata-se de uma reviravolta em relação ao movimento do ano passado, quando a divisa brasileira perdeu 33 por cento e o Ibovespa caiu 13 por cento.

A “moeda tem sido uma força contrária aos lucros brasileiros nos últimos anos e, obviamente, neste ano deve se tornar um fator positivo”, disse Landers, que tem recomendação overweight para as ações do Brasil.

Ainda assim, a apreciação do real o deixou sobrevalorizado, segundo Landers, que prevê o câmbio em R$ 3,50 por dólar no fim de 2016, contra R$ 3,30 por dólar atualmente.

Para Landers, a Operação Lava Jato ainda representa um dos maiores riscos para a recuperação econômica do país. A investigação, que inicialmente se concentrou em pagamentos de propinas na Petrobras, acabou envolvendo algumas das empresas, dos executivos e dos políticos mais conhecidos do país.

Assim como o Brasil, o Peru terá um novo governo. O presidente eleito Pedro Pablo Kuczynski, que é ex-ministro da Economia e um veterano de Wall Street, assumirá no fim de julho e os investidores provavelmente se manterão otimistas em relação à sua administração, segundo Landers.

“Há uma grande quantidade de investimentos acumulados. Eles ficaram presos por causa da burocracia e da falta de coordenação entre os governos federal e provinciais do Peru. Esperamos que isto comece a se mover novamente”, disse ele.

Enquanto tem aumentado suas posições no Brasil e no Peru nos últimos meses, a BlackRock reduziu investimentos no México, em parte por causa dos múltiplos pouco atraentes, disse Landers.

O México tem sido “um dos mercados mais caros entre mercados emergentes de todo o mundo”, disse ele.

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