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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Buenos Aires e Brasília - O ex-presidente da Argentina e deputado federal pelo Partido Justicialista Néstor Kirchner (marido da atual presidente argentina, Cristina Kirchner) deverá ser escolhido o novo secretário-geral da União de Nações Sul- Americanas (Unasul) em reunião que ocorre nesta terça-feira (4), em Buenos Aires.
Ele é candidato único ao posto. A definição depende dos votos dos 12 presidentes dos países que pertencem ao bloco. E já está praticamente certa a escolha. O Brasil apoia o nome do ex-líder argentino. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou na madrugada de hoje (4) a Buenos Aires, está sendo esperado para participar da reunião.
O assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, já se refere a Kirchner como secretário-geral. Durante a madrugada, respondendo a uma pergunta da Agência Brasil, Garcia disse que "tendo em vista que Néstor Kirchner é um homem de muita visibilidade e prestígio, ele terá capacidade muito grande de tornar a Unasul mais viva, inclusive apressando o reconhecimento da entidade pelos Congressos dos países que a compõem".
Segundo Marco Aurélio Garcia, o próprio Congresso brasileiro ainda não reconheceu formalmente a existência da Unasul. "Precisamos constituir uma secretaria-geral que possa impulsionar as comissões que já estão criadas, aguardando para levar adiante o processo de integração da América do Sul."
Na opinião de Garcia, caso Néstor Kirchner seja realmente eleito secretário-geral da Unasul, a sede da entidade deverá continuar em Quito, a capital do Equador, ao contrário da expectativa geral de que ela poderia ser transferida para Buenos Aires.
O mandato do secretário-geral da Unasul, criada em 2008 em Brasília, é de dois anos. Marido da presidente Cristina Kirchner, o ex-presidente é deputado federal e discute-se se ele deveria se licenciar do cargo legislativo. Especula-se ainda que ele poderia ser candidato a presidente, no ano que vem.
Segundo diplomatas brasileiros e argentinos, a eleição de Kirchner estará confirmada mesmo se o presidente uruguaio, José "Pepe" Mujica, optar pela abstenção. Ontem (3) assessores de imprensa de Mujica disseram que "não há uma posição tomada ainda. Somente hoje (4) haverá o anúncio do voto do Uruguai", afirmam os assessores do governo de Mujica.
Em 2008, o então presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez (2005-2010), foi contra a eleição de Kirchner e a definição acabou adiada. Na ocasião, Vázquez vetou o nome de Kirchner em meio às disputas entre os dois países sobre a construção de uma fábrica de celulose na fronteira.
Recentemente, o Tribunal de Haia concluiu que o Uruguai cometeu um erro ao não informar à Argentina a construção de fábricas de celulose na região fronteiriça entre os dois países. Mas a sentença não determina a mudança de endereço da fábrica.
A reunião extraordinária do bloco, promovida hoje, deverá contar com a presença de quase todos os 12 chefes de Estado do grupo. Mas os presidentes do Peru, Alan García, e da Colômbia, Álvaro Uribe, informaram que não vão comparecer. Além do Brasil, Argentina, Uruguai, Peru e Colômbia, os países que formam a Unasul são Paraguai, Venezuela, Equador, Suriname e Guiana Francesa (que é território ultramarino francês).
Entre os outros assuntos a serem abordados no encontro estão a situação no Paraguai, onde o presidente Fernando Lugo declarou Estado de Exceção em cinco distritos, o tráfico de drogas na região e o apoio à Argentina na disputa pelas ilhas Malvinas (Falklands, para os ingleses).