Economia

Juros podem subir com alta da inflação, diz Fed

Janet Yellen confirmou que Fed prevê o encerramento do programa de compras de títulos hipotecários para outubro

A presidente do Fed, Janet Yellen, discursa no Congresso americano (Mandel Ngan/AFP)

A presidente do Fed, Janet Yellen, discursa no Congresso americano (Mandel Ngan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2014 às 15h13.

Washington - A presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen, afirmou nesta sexta-feira que o emprego nos Estados Unidos "ainda não se recuperou totalmente da crise", e garantiu que, se o mercado de trabalho se recuperar rapidamente, as taxas de juros podem ser elevadas antes do previsto.

Em um discurso realizado na conferência de banqueiros centrais em Jackson Hole (Wyoming, oeste dos Estados Unidos), Yellen confirmou que o Fed prevê o encerramento do programa de compras de títulos hipotecários para outubro. Com as compras desses títulos, o banco central americano injetou grandes volumes de liquidez na economia e contribuiu para uma forte alta da bolsa de valores.

Yellen disse que não há "receita simples" para uma política monetária em um contexto de "considerável incerteza" sobre a evolução da inflação e do desemprego.

No encontro anual que reúne presidentes de bancos centrais do mundo todo, Yellen ressaltou que os avanços relativos à taxa de desemprego fazem com que o verdadeiro estado do mercado de trabalho seja "superestimado". A presidente do Fed apontou a existência dos empregos em tempo parcial e os desempregados que, desestimulados pelas dificuldades para encontrar trabalho, desistem de buscar.

A taxa de desemprego nos Estados Unidos está atualmente em 6,2%. Há um ano, o índice era de 7,3%.

Yellen, entretanto, não descartou a possibilidade de a inflação subir acima do esperado e disse que os salários, estagnados, podem "aumentar muito mais rápido". A alta de preços está muito abaixo da meta de médio prazo de 2% do Fed, situando-se em 1,6% ao ano.

"Se o mercado de trabalho e a inflação avançarem mais rápido do que o previsto, então a elevação das taxas poderá acontecer mais cedo", afirmou.

A presidente do Comitê de Política Monetária (FOMC) reconheceu "as diferentes interpretações" que existem sobre a evolução da economia dos EUA.

Mais uma vez, Yellen argumentou que, para avaliar o mercado de trabalho -sua principal preocupação em relação à política monetária-, é preciso considerar muitos indicadores, desde a taxa de abandono de empregos até a de postos de trabalho em tempo parcial.

Janet Yellen adotou um tom menos conciliatório do que o esperado, avaliou Omer Esiner, analista da Commonwealth Foreign Exchange. "Seu discurso é um passo claro em direção a um ponto de vista mais equilibrado, como chefe do banco central americano", opinou.

Para Paul Dales, economista da Capital Economics, Yellen "não mudou seu ponto de vista". Continua acreditando "que há debilidades abundantes no mercado de trabalho" e "repete seus velhos argumentos (...) sobre a forte proporção de empregos em tempo parcial e os baixos índices de rotatividade de funcionários".

O mercado espera um primeiro aumento da taxa básica de juros para meados de 2015.

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