Copom: em outubro, o Copom reduziu, por unanimidade, a Selic em 0,75 ponto percentual, de 8,25% ao ano para 7,5% ao ano (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 4 de dezembro de 2017 às 06h52.
Última atualização em 4 de dezembro de 2017 às 09h26.
A taxa básica de juros, a Selic, poderá chegar ao menor nível da história na próxima quarta-feira (6). A expectativa de instituições financeiras é que a taxa básica seja reduzida de 7,5% ao ano para 7% ao ano, na última reunião de 2018 do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Se a expectativa se confirmar, será o décimo corte seguido na taxa básica. Em outubro, o Copom reduziu, por unanimidade, a Selic em 0,75 ponto percentual, de 8,25% ao ano para 7,5% ao ano. Com essa redução, a taxa se igualou ao nível de maio de 2013.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano, no menor nível da história, e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015, patamar mantido nos meses seguintes. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia.
O diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira, também espera por redução de 0,5 ponto percentual na reunião desta semana, porque a inflação baixa permite mais esse corte.
A expectativa do mercado financeiro é que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), termine este ano em 3,06%, quase no piso da meta (3%). Essa meta tem como centro 4,5%. Para 2018, a previsão é que a inflação fique um pouco maior, mas ainda abaixo do centro da meta, em 4,02%.
No próximo ano, devem pesar nas decisões do Copom preocupações com os gastos públicos e a não aprovação da reforma da Previdência. Com indicações de que a reforma possa não ser votada, o mercado financeiro enfrenta oscilações, com queda da bolsa e alta do dólar. O dólar mais caro pressiona a inflação com o aumento dos custos de bens importados.
Outro fator que vai influenciar o movimento do mercado são as eleições no próximo ano, a depender de quem serão só candidatos e quais estarão à frente nas pesquisas. "Isso pode trazer preocupações", disse Oliveira.
Mesmo assim, Oliveira disse acreditar que há alguma chance de o Copom voltar a reduzir a Selic no início de 2018 para 6,75%, porque ainda há um 12,7 milhões de desempregados no país, o que reduz a pressão sobre o consumo.
Mas, na avaliação do diretor da Anefac, essa taxa deve voltar a subir no meio do ano. "Vai subir pouco: 0,25 ponto percentual. Não vamos mais voltar ao que tinha no passado", prevê.
Segundo Oliveira, consumidores e empresas ainda não têm o que comemorar com as reduções da Selic. Isso porque a diferença entre a taxa Selic e os juros cobrados nos empréstimos aos consumidores ainda é grande. "Só teremos uma queda efetiva e mais acentuada para os consumidores e empresas quando tivemos um ambiente de redução da inadimplência e uma melhora do quadro de desemprego, que reduz o risco. As taxas de juros ficarão por um tempo em patamares elevados", acrescentou Oliveira.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.
Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, a tendência do Copom é baratear o crédito e incentivar a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.