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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h27.
São Paulo, 20 de novembro (Portal EXAME) Os consumidores já devem sentir o impacto da alta dos juros anunciada nesta quarta-feira pelo governo nas suas compras a prazo. De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa média atual cobrada no crediário, de 6,63% ao mês, deve subir para 6,70%. No ano, enquanto a taxa Selic subiu de 21% para 22%, os juros do crediário devem passar de 116,05% para 117,76%.
A decisão do Banco Central deve ainda diminuir a oferta de crédito por parte de bancos e financeiras, afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-preisente da Anefac. Ele diz que essa tendência tem sido sinalizada desde maio, quando os bancos reduziram os prazos médios de financiamento em um terço.
A financeira Exprinter, cujo principal foco é trabalhar em parceria com empresas de material de construção, deve elevar suas taxas de juros na próxima segunda-feira. O presidente da empresa, Leonardo Benvenuto, afirma que as taxas médias mensais do Crédito Direto ao Consumidor (CDC) devem passar de 5,75% para 5,95%.
O vice-presidente da Anefac lembra ainda que, mesmo quando o governo volta a baixar a taxa de juros, essa queda não costuma ser repassada imediatamente ao consumidor. Entre março de 1999 e outubro deste ano, a Selic passou de 45% para 21% _um recuo de 53,33%. No mesmo período, as taxas pelos bancos e financeiras foram reduzidas em 36,46%.
Há, porém, quem acredite que uma nova alta nos juros possa ocorrer ainda neste ano. Elson Yassuda, economista-chefe da corretora Hedging-Griffo, não acredita que a elevação de um ponto percentual seja suficiente para conter a tendência de alta inflacionária, que se acentuou muito nas últimas semanas. Com a decisão de hoje, o BC quis sinalizar que continua comprometido com a meta de inflação , diz o economista. Mas ele acredita que o governo só não elevou mais os juros para não desperdiçar bala : O BC sozinho não tem como controlar a expectativa de alta. Ainda é preciso ter sinais claros do governo eleito no sentido de que ele estará comprometido em manter as atuais metas inflacionárias .
A última pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central com instituições financeiras, indica que o mercado tem expectativa de que o IPCA fique em 9,81% no ano que vem. Há cerca de um mês, esse índice estava em 5,85%. A Hedging-Griffo faz uma estimativa ainda mais sombria: acredita que o IPCA atinja 12,5% em 2003.
A Griffo não está sozinha no pesimismo. Para o diretor da BNL Asset Management, Cláudio Lellis, o BC deve fazer um novo aumento na taxa de juros na reunião do Copom de dezembro. Mas Lellis diz que o repique da inflação está relacionado à alta dos custos, devido à subida do dólar, não ao aumento da demanda. E faz uma ressalva: Por isso, a meu ver, não faz sentido aumentar os juros. O BC está se baseando em dados do passado. Só que, se pensarmos com a cabeça do BC, uma nova alta está sinalizada, porque os próximos índices de inflação ainda devem apresentar impacto do câmbio.