Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: o JPMorgan projeta que a Selic deve continuar no atual patamar no futuro próximo (REUTERS/Guadalupe Pardo)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2016 às 09h58.
São Paulo - As taxas dos contratos de juros futuros mais curtos desabavam nesta quinta-feira, após o Banco Central manter os juros básicos em 14,25 por cento em uma decisão controversa, enquanto os DIs longos avançavam com força.
"O problema é que o BC armou todo um cenário para subir (os juros) e, na véspera da decisão, deu um cavalo de pau. Isso desfaz todo o trabalho de credibilidade do ano passado", disse o sócio-gestor da Leme Investimentos Paulo Petrassi.
"Ainda acredito que eles serão obrigados a aumentar os juros daqui para frente, mas o medo que dá é que voltem às políticas que nos colocaram nesta posição", acrescentou.
Até o início desta semana, os DIs vinham mostrando chances majoritárias de elevação de 0,50 ponto percentual na Selic.
Essas apostas perderam fôlego na terça-feira, quando o presidente do BC, Alexandre Tombini, divulgou comunicado informando que levaria em conta a significativa piora das projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia brasileira.
O mercado fechou a sessão passada apontando probabilidade majoritária de elevação de 0,25 ponto na Selic, com alguma chance de manutenção.
Após o encerramento dos negócios, o BC decidiu pela estabilidade, citando "o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, e considerando a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas".
"Em nossa opinião, a decisão e a comunicação do BC provavelmente terão impacto sobre a credibilidade do Banco Central, aumentando as expectativas de inflação para este ano e o próximo", escreveram analistas do banco JPMorgan em nota a clientes.
"Com isso em mente, estamos reavaliando nossas projeções para o IPCA, especialmente para 2017".
O JPMorgan projeta que a Selic deve continuar no atual patamar no futuro próximo. A curva de DIs, porém, mostrava duas elevações de 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões do Copom, em março e abril, segundo operadores.
A incerteza sobre a política monetária contribuía para elevar os DIs mais longos, que também eram pressionados pela alta do dólar sobre o real e pelo ambiente de aversão a risco global.
A inclinação da curva de juros medida pela diferença entre as taxas para janeiro de 2021 e janeiro de 2017 superou 2 pontos percentuais pela primeira vez na história dos contratos.
"O risco está muito alto, a pouca credibilidade que restava evaporou. E tem espaço para (a curva) inclinar ainda mais", afirmou Petrassi.