Economia

Juros altos causam "dores crescentes" ao Brasil, diz FT

As "dores" fazem com que a presidente Dilma pressione os bancos privados, para que diminuam o spread, e o BC, que está fazendo cortes na Selic desde o ano passado

O problema para Dilma Rousseff é que, se a Selic cair muito abaixo de 9%, os investidores podem parar de comprar títulos do governo e mudar para cadernetas de poupança (Ueslei Marcelino/Reuters)

O problema para Dilma Rousseff é que, se a Selic cair muito abaixo de 9%, os investidores podem parar de comprar títulos do governo e mudar para cadernetas de poupança (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2012 às 21h22.

São Paulo - As taxas de juros são tão "exorbitantes" que interferem no crescimento do Brasil e levaram a presidente Dilma Rousseff iniciar uma campanha para forçar os bancos a reduzir seus spreads, diz texto publicado hoje no jornal Financial Times. Assinado por Joe Leahy, correspondente de São Paulo, o FT cita como exemplo dessas taxas altas o juro do cheque especial bancário, que atingiu 188% ao ano em 2011.

Segundo o jornal, a "cruzada" da presidente contra o juro não ficou restrita aos bancos e está também na taxa básica de juros. Ontem, o Banco Central reduziu a Selic para 9%, como era esperado pelo mercado. Cortes são feitos na taxa básica desde agosto de 2011, após a Selic chegar em 12,5%.

O FT comenta que, além de ajudar no crescimento do Brasil, o BC reduziu o juro básico por ter uma visão de uma economia global fraca com a desaceleração do crescimento dos países. A economia brasileira decaiu de um crescimento de 7,5% em 2010 para 2,7% no ano passado.

O corte abre espaço para que a Selic chegue em sua taxa mais baixa, se o Banco Central continuar diminuindo o juro. O valor mais baixo nos últimos 15 anos é de 8,75%.

De acordo com o Financial Times, o problema é que, se a Selic cair muito abaixo de 9%, os investidores podem parar de comprar títulos do governo e migrar para poupanças, que é livre de impostos e tem retorno garantido de 6%. Essa mudança pode não agradar a presidente Dilma Rousseff, que tomou essas medidas para manter o investimento no país e criar um crescimento sustentável.

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