Economia

Juro sobe após discurso do diretor do BC sobre inflação

O documento do BC, embora firme, não havia trazido novidades capazes de mudar a percepção de gradualismo e alta de, no máximo, de 100 pontos-base do juro básico


	Depois de Hamilton, o mercado enxergou a chance de aperto mais agressivo em maio ou de um ciclo de elevações mais longo
 (Divulgação/Banco Central)

Depois de Hamilton, o mercado enxergou a chance de aperto mais agressivo em maio ou de um ciclo de elevações mais longo (Divulgação/Banco Central)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2013 às 17h06.

São Paulo - Depois de a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) não trazer grandes surpresas, o discurso do diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, mudou completamente a direção do mercado de juros.

As taxas, que experimentavam viés de baixa após o documento, passaram a subir com intensidade depois de o diretor afirmar que o Banco Central pode ser instado a refletir sobre possibilidade de intensificar o uso da Selic.

O documento do BC, embora firme, não havia trazido novidades capazes de mudar a percepção de gradualismo e alta de, no máximo, de 100 pontos-base do juro básico. Depois de Hamilton, o mercado enxergou a chance de aperto mais agressivo em maio ou de um ciclo de elevações mais longo.

Ao término da negociação normal na BM&F, o contrato de DI com vencimento em julho de 2013 marcava 7,42%, de 7,40% no ajuste anterior e após oscilar entre 7,38% e 7,44%. O DI com vencimento em janeiro de 2014 apontava 7,93%, de 7,83% na véspera e após bater na mínima, pela manhã, de 7,80%.

Nesses patamares, os juros precificam cerca de 50% de chance de a Selic subir 0,50 ponto porcentual no encontro de maio e um ciclo de aperto que pode totalizar 150 pontos-base. Até então, as chances de um aperto mais intenso na próxima reunião eram mínimas e o ciclo mostrado pela curva estava em 1 ponto porcentual.

O juro com vencimento em janeiro de 2015 indicava 8,36%, de 8,28% antes. O contrato com vencimento em janeiro de 2017 marcava 8,96%, ante 8,89% na véspera, e o DI para janeiro de 2021 (13.075 contratos) estava em 9,56%, ante 9,54% no ajuste.

"O discurso do Carlos Hamilton jogou lenha na fogueira. Com a ata, o Banco Central só pareceu um pouco mais duro em relação ao fiscal e ao aumento dos salários", afirmou o sócio gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi. "Mas o tom das declarações do diretor do BC foi bem mais duro e inverteu completamente o rumo das taxas de juros", continuou.

Hamilton, durante palestra em São Paulo, considerou o balanço de riscos para a inflação desfavorável e afirmou que cresce, nele, "a convicção de que o Copom poderá ser instado a refletir sobre a possibilidade de intensificar o uso do instrumento de política monetária (taxa Selic)". No pronunciamento, o diretor do BC ressaltou que a inflação está "elevada, disseminada e resistente". "A escolha do Copom é o combate à inflação", reforçou.

Diante desse cenário, os indicadores domésticos foram completamente relegados, entre eles a taxa de desemprego de março divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEstatísticasIndicadores econômicosMercado financeiroSelicTaxas

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024

Lula se reúne hoje com Haddad para receber redação final do pacote de corte de gastos

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal