Economia

Juro real está mais perto da taxa neutra do que o de outros emergentes, diz Campos Neto

Quando a referência são pares emergentes, os juros do Brasil, disse Campos Neto, estão mais perto da taxa de equilíbrio do que outros países

O presidente do Banco Central disse ainda que as autoridades monetárias do mundo inteiro estão debatendo como seus mandatos de estabilidade de preços estão associados aos riscos climáticos (Gustavo Minas/Bloomberg via/Getty Images)

O presidente do Banco Central disse ainda que as autoridades monetárias do mundo inteiro estão debatendo como seus mandatos de estabilidade de preços estão associados aos riscos climáticos (Gustavo Minas/Bloomberg via/Getty Images)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 12h25.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 21, que os juros do Brasil, em termos reais, estão mais perto da taxa neutra do que os de outras economias emergentes. Durante participação no café da manhã da Frente Parlamentar da Economia Verde, em Brasília, Campos Neto salientou que a diferença entre os juros reais e a taxa de equilíbrio aproximou-se "está bem perto"  da observada no mundo avançado.

Quando a referência são pares emergentes, os juros do Brasil, disse Campos Neto, estão mais perto da taxa de equilíbrio do que outros países.

Ele citou como exemplo, nessa comparação, o Chile. Ao explicar por que os juros no país vizinho estão mais baixos do que os do Brasil, Campos Neto observou que a taxa de equilíbrio no Chile, em termos reais, está entre 1% e 1,5%, enquanto no Brasil ela gira entre 4,5% e 5%. "A questão é: por que nossa taxa de equilíbrio é tão alta?", assinalou Campos Neto.

Debate sobre ligação de preços aos riscos climáticos

O presidente do Banco Central disse ainda que as autoridades monetárias do mundo inteiro estão debatendo como seus mandatos de estabilidade de preços estão associados aos riscos climáticos. Ele observou que os choques climáticos afetam não só os preços de alimentos e energia, mas também provocam prêmios de risco e atingem a estabilidade financeira, os balanços de bancos e as cadeias de suprimento.

Na abertura de sua palestra, Campos Neto ressaltou que o tema da economia verde tornou-se importante no debate global, incluindo nas reuniões do G20, junto com a geopolítica e a reorganização de cadeias de produção.

Segundo o presidente do BC, a transição verde, conforme mostram pesquisas, leva a uma maior eficiência das cadeias produtivas, porém com aumento de custos no caminho, dada a compensação dos pesados investimentos realizados no processo. "É importante ter processo de produção mais sustentável, mas tem um aumento de custo no meio do caminho", pontuou.

Custo de logística em meio a tensões geopolíticas no mundo

Campos Neto também chamou a atenção para o aumento do custo de logística em meio a tensões geopolíticas no mundo. Ele observou ainda que a reorganização das cadeias globais de produção, influenciada por riscos na geopolítica, está custando dinheiro. Ao mesmo tempo, a transição verde não é linear ao longo do tempo levando a aumentos de custo nas cadeias produtivas antes de resultar, no final, em ganhos de eficiência.

Durante o evento, o presidente do BC avaliou que a economia global segue o curso desinflacionário - com continuidade da flexibilização monetária em emergentes e indicações de cortes de juros em breve nas economias desenvolvidas -, porém sem a mesma contribuição de antes da desinflação de alimentos e energia.

Campos Neto destacou aos parlamentares que, enquanto os preços de bens têm comportamento positivamente influenciado pela China, que está "exportando deflação", a inflação de serviços está muito alta no mundo, dado o efeito do mercado de trabalho aquecido.

Acompanhe tudo sobre:Roberto Campos NetoBanco Central

Mais de Economia

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês