Economia

Jovem primeira-ministra enfrenta envelhecimento populacional

O banco central da Finlândia avisou na terça-feira que o ônus do número maior de pensionistas sobre as finanças públicas é insustentável

Sanna Marin: alerta veio poucos dias depois da posse da primeira-ministra, de 34 anos. (Geert Vanden Wijngaert/Bloomberg)

Sanna Marin: alerta veio poucos dias depois da posse da primeira-ministra, de 34 anos. (Geert Vanden Wijngaert/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 22 de dezembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 22 de dezembro de 2019 às 09h00.

A mais jovem primeira-ministra do planeta precisa agir rapidamente para lidar com o envelhecimento populacional que é um dos mais acelerados da Europa.

O banco central da Finlândia avisou na terça-feira que o ônus do número maior de pensionistas sobre as finanças públicas é insustentável e requer resposta política. O alerta veio poucos dias depois da posse da primeira-ministra Sanna Marin, de 34 anos.

A chamada lacuna de sustentabilidade — que mede a diferença entre gasto e renda — aumentou para 4,7% do Produto Interno Bruto, vindo de aproximadamente 3% há um ano, segundo relatório divulgado pela autoridade monetária na terça-feira.

Os principais fatores por trás do aumento são a desaceleração do crescimento econômico, a elevação dos empréstimos governamentais e o impasse político em torno da reforma do sistema de saúde e bem-estar social.

Segundo a Comissão Europeia, a lacuna de sustentabilidade representa risco significativo para as finanças públicas no longo prazo quando passa de 6%. Uma leitura inferior a 2% indica baixo risco.

“Um fator que atualmente pesa sobre as perspectivas de longo prazo das finanças públicas é o fato de os baby-boomers terem atingido idade de aposentadoria”, informou o banco central, se referindo à geração nascida entre 1946 e 1964.

“Isso tem ampliado os desembolsos com aposentadorias e, nos próximos anos, também levará a um aumento mais rápido das despesas com saúde e cuidado prolongado dos idosos”, diz.

Como grande parte da Europa, a Finlândia precisa lidar com pressões crescentes advindas do envelhecimento e do encolhimento da população.

No país escandinavo, a questão tem ainda mais importância devido ao generoso aparato de bem-estar social, à imigração relativamente limitada e às restrições a que a nação está sujeita como integrante da zona do euro.

Embora os últimos governos tenham tomado medidas contra o problema, mais precisa ser feito, afirmou o banco central, que vem dando alertas semelhantes desde o início da década.

O novo governo de Sanna Marin confirmou planos para elevar a taxa de emprego para 75% da população em idade ativa, de 72% atualmente. Para o comandante da autoridade monetária, Olli Rehn, a meta é “bastante justificada”.

“No entanto, ações mais determinadas devem ser tomadas para fortalecer as finanças públicas e os pré-requisitos para emprego”, acrescentou ele.

O banco central também baixou na terça-feira as previsões de crescimento para a economia mais setentrional da zona do euro para 0,9% em 2020 e 1,1% em 2021. As previsões anteriores eram de 1,5% e 1,3%, respectivamente.

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