Economia

Jean Tirole, um economista discreto e aclamado nos EUA

O Prêmio Nobel de Economia foi atribuído a Jean Tirole, um discreto economista que alia a excelência matemática francesa à pesquisa anglo-saxã


	Jean Tirole: seu trabalho sobre regulamentação de empresas teve impacto global
 (Remy Gabalda/AFP)

Jean Tirole: seu trabalho sobre regulamentação de empresas teve impacto global (Remy Gabalda/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 13h16.

Estocolmo - O Prêmio Nobel de Economia foi atribuído a Jean Tirole, um discreto economista que alia a excelência matemática francesa à pesquisa anglo-saxã, e cujo trabalho sobre a regulamentação das grandes empresas teve um impacto global.

Em entrevista nesta segunda-feira à AFP, Tirole garantiu ter recebido com grande surpresa a notícia da premiação por seus estudos sobre as difíceis questões de regulação das atividades econômicas, após anos sendo cotado.

Aos 61 anos, é um dos diretores da Escola de Economia de Toulouse (TSE), no sudoeste da França, além de professor convidado do famoso Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Nativo de Troyes, não precisou esperar o anúncio de Estocolmo para desfrutar de uma reputação mundial: seu currículo é preenchido por 24 páginas de prêmios, publicações e distinções em todos os gêneros.

Seus livros (incluindo "Teoria da Organização Industrial" e "Teoria dos Jogos"), traduzidos em várias línguas, são referências em universidades em todo o mundo.

É um dos principais especialistas em "teoria dos jogos", que disseca os mecanismos de trabalho e compensações por trás das decisões dos agentes econômicos, usando também a psicologia.

Mais concretamente, dedicou-se à regulamentação do sistema bancário e das telecomunicações, bem como sobre as emissões de dióxido de carbono.

Jean Tirole é menos conhecido do que outros economistas franceses considerados muitas vezes "mais nobelizáveis" e politicamente mais à esquerda, como Thomas Piketty, principal especialista em desigualdades e tributação.

E mesmo muito ligado às pesquisas, não se desligou completamente da vida pública. Desta forma, em 2003, foi convidado a reformar de maneira profunda o mercado de trabalho francês, em um sentido liberal, criando, por exemplo, um "contrato de trabalho único". Ou instaurando uma taxa sobre as demissões, em troca de um alívio dos encargos e a simplificação da regulamentação para as empresas.

Grandes escolas francesas e PhD americano

Tirole é também um precursor em seu caminho que liga as duas margens do Atlântico.

Por um lado, é um produto de excelência matemática das grandes escolas francesas, com graduações pela Ecole Polytechnique e a École Nationale des Ponts et Chaussées.

Por outro lado, ele logo percebeu a importância de se inserir no sistema universitário americano, de longe, o maior provedor de Nobel da Economia nos últimos anos, e onde as condições de pesquisa são consideradas muito melhor.

De fato, após a sua tese na universidade Paris-Dauphine, fez um "PhD", o equivalente americano do doutorado, no MIT.

Ele, então, passou a lecionar em Paris, bem como em importantes universidades americanas: Harvard, Princeton, Stanford.

Entrevistado pela revista francesa Challenges em 9 de outubro sobre este domínio americano nas grandes premiações em Economia, ele admitiu: "Isso reflete uma situação em que os Estados Unidos têm investido fortemente para atrair os melhores economistas. Eu lamento muito, mas, ao mesmo tempo, eu não posso reclamar".

Jean Tirole trabalhou duro para restaurar o prestígio da economia na França, colocando seu prestígio à serviço da Escola de Economia de Toulouse (TSE), com a ambição de elevá-la ao "top 10 do mundo em pesquisa em Economia ".

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