Economia

Japão prepara o pacote de estímulos “mais ousado de todos os tempos”

Ajuda de emergência deve superar os US$ 526 bilhões usados para conter crise de 2008

Shinzo Abe: para primeiro-ministro do Japão, as pessoas precisam se preparar para uma batalha contra o coronavírus "que pode ser prolongada" (Kiyoshi Ota/Getty Images)

Shinzo Abe: para primeiro-ministro do Japão, as pessoas precisam se preparar para uma batalha contra o coronavírus "que pode ser prolongada" (Kiyoshi Ota/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de março de 2020 às 13h34.

Última atualização em 28 de março de 2020 às 14h07.

Japão compilará um pacote de estímulo "mais ousado de todos os tempos", incluindo benefícios sociais para famílias em dificuldades, para lidar com o impacto econômico negativo do que pode se tornar um surto prolongado de coronavírus. A informação foi divulgada neste sábado pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, após admitir que país está em um estágio crítico em lidar com infecções por coronavírus, possivelmente perto de declarar estado de emergência.

O tamanho do estímulo deve ser maior que o pacote de emergência de 56,8 trilhões de ienes (US$ 526 bilhões) criado na crise financeira global de 2008, disse Abe em entrevista coletiva, segundo a agência de notícias Kyodo. A intenção do governo japonês é enviar ao Parlamento, em dez dias, um orçamento extra para o ano fiscal de 2020, para financiar o pacote de estímulo. "Vamos elaborar o pacote mais ousado de todos os tempos, usando todas as ferramentas de política, como reduzir ou isentar o pagamento de impostos e estender a assistência financeira", disse Abe, segundo reportou a imprensa japonesa.

Em meio aos pedidos para que o governo dê dinheiro a todas as famílias e reduza a taxa de imposto sobre o consumo, que subiu de 8% para 10% em outubro passado, Abe indicou que o governo limitará o escopo de elegibilidade para benefício em dinheiro. Ele também adotou um tom negativo sobre a redução da taxa de impostos, dizendo que vai favorecer medidas que possam provocar um rápido impulso econômico.

A preocupação com o surto de coronavírus aumentou no Japão nos últimos dias, após Tóquio identificar uma aceleração no número de novas infecções. O número de casos relatados tem aumentado diariamente na capital japonesa, com 60 novos casos confirmados neste sábado. As agências internacionais já apontam que o Japão tem 2.180 casos confirmados, incluindo 712 que estiveram em um navio de cruzeiro, e 59 mortes. O número é superior ao relatado por instituições internacionais, que ainda apontam entre 1,4 mil e 1,5 mil e menos de 50 mortes.

Segundo Abe, até agora o Japão vinha conseguindo manter áreas de contágio sob controle, ao acompanhar cuidadosamente as rotas de infecção. Mas essa estratégia inicial agora parece não estar sendo mais efetiva, tendo em vista o aumento de infecções que não são rastreáveis, um sinal precoce de explosão de casos.

O primeiro-ministro japonês afirmou que, uma vez que haja um excesso de infecções, "a estratégia de diminuir o pico das infecções instantaneamente desmoronará". "Na situação atual, estamos apenas aguentando", disse, sugerindo que o país poderia passar a registrar uma propagação rápida no futuro. "Neste momento, não precisamos declarar um estado de emergência, mas ainda estamos enfrentando um momento crítico", disse Abe, segundo a agência japonesa.

De acordo com o primeiro-ministro japonês, as pessoas precisam se preparar para uma batalha contra o coronavírus "que pode ser prolongada".

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusJapãoShinzo Abe

Mais de Economia

Contas externas têm saldo negativo de US$ 5,88 bilhões em outubro

Mais energia nuclear para garantir a transição energética

Boletim Focus: mercado reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024

Lula se reúne hoje com Haddad para receber redação final do pacote de corte de gastos