Economia

Japão deve nomear opositor da deflação como presidente do BC

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, deve provavelmente nomear Haruhiko Kuroda como o presidente do BC para intensificar a sua luta contra a deflação do país


	Shinzo Abe teve grande vitória na eleição de dezembro, prometendo reanimar uma economia presa na crise pela maior parte das últimas duas décadas
 (AFP)

Shinzo Abe teve grande vitória na eleição de dezembro, prometendo reanimar uma economia presa na crise pela maior parte das últimas duas décadas (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2013 às 12h41.

Tóquio - O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, deve provavelmente nomear um defensor da flexibilização da política monetária agressiva --o presidente do Banco Asiático de Desenvolvimento, Haruhiko Kuroda-- como o presidente do banco central para intensificar a sua luta para finalmente livrar o país da deflação.

Shinzo Abe teve grande vitória na eleição de dezembro, prometendo reanimar uma economia presa na crise pela maior parte das últimas duas décadas. Ele tem repetidamente pedido por um banco central mais agressivo, disposto a tomar medidas radicais.

O iene caiu com a notícia da nomeação para a mínima em 33 meses e o rendimento dos títulos de cinco anos do governo atingiu o recorde de mínima, com o mercado acreditando numa política monetária mais ousada.

"Kuroda é fã de um iene mais fraco e do fim da deflação", disse o estrategista da Société Générale, em Londres, Kit Juckes.

Fontes disseram que é provável que o governo nomeie Kuroda e dois vices esta semana para a aprovação parlamentar.

Também está alinhado Kikuo Iwata, um acadêmico que defende a ações não ortodoxas de flexibilização da política monetária, e o diretor executivo do BC Hiroshi Nakaso, que agora supervisiona as operações internacionais do banco central, como vice-presidentes, afirmou uma fonte familiarizada com o processo. Iwata disse aos jornalistas que lhe foi oferecido o trabalho e que ele aceitou.


Assim como o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, o BC japonês cortou as taxas de juros para perto de zero. Desde então, o BC adotou medidas heterodoxas para injetar dinheiro na economia, atualmente em sua quarta recessão desde 2000, para tentar estimular o crescimento.

Mas Kuroda há muito tempo criticou o BC como muito lento para expandir o estímulo, e espera-se que ele faça esforços mais radicais para alcançar a meta de inflação de 2 por cento definida em janeiro.

As indicações devem ser aprovadas por ambas as casas do Parlamento, o que significa que Abe precisará do apoio da oposição, porque sua coalizão não tem maioria no Senado. Os atuais titulares deixam os cargos em 19 de março.

Se aprovadas, as nomeações aumentam as chances de o BC afrouxar a política monetária na reunião de 3 e 4 de abril, a primeira reavaliação dos juros sob a nova liderança, segundo autoridades com conhecimento da linha de raciocínio do BC.

Desvalorização do Iene

Kuroda, de 68 anos, tem sido considerado um forte candidato para substituir o atual presidente do BC do Japão, Masaaki Shirakawa, por causa de sua experiência em política internacional e seus apelos para mais agressivo afrouxamento monetário que combinam com os pontos de vista do primeiro-ministro.


Como principal diplomata financeiro do Japão de 1999 a 2003, Kuroda agressivamente interveio no mercado cambial para enfraquecer o iene para apoiar as exportações do país.

Kuroda tem pedido ao banco central para alcançar 2 por cento de inflação em dois anos injetando dinheiro na economia por meio de medidas não ortodoxas, tais como a expansão da compra de títulos do governo e compra de ações.

Há vários ativos financeiros domésticos no valor de centenas de trilhões de ienes que o BC pode usar para expandir seu estímulo, disse ele em 11 de fevereiro.

O iene já desvalorizou quase 20 por cento ante o dólar desde novembro, quando Abe começou a pedir por afrouxamento monetário mais audacioso.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCâmbioIeneJapãoMoedasPaíses ricosPolítica monetária

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs