Economia

Europa está ficando cada vez mais parecida com o Japão, diz ING

Banco lista semelhanças que passam por aumento da dívida, acúmulo de empréstimos de risco, envelhecimento da população e estímulos de política monetária

Bandeiras da União Europeia e do Japão: situação da Europa sempre foi motivo de comparações com o Japão nos anos 90 (Krisztian Bocsi/Bloomberg/Bloomberg)

Bandeiras da União Europeia e do Japão: situação da Europa sempre foi motivo de comparações com o Japão nos anos 90 (Krisztian Bocsi/Bloomberg/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 29 de junho de 2019 às 08h48.

Última atualização em 29 de junho de 2019 às 08h48.

O crescimento anêmico e inflação da zona do euro sinalizam que a região provavelmente já enfrenta a chamada japanificação e escapar desse processo pode ser difícil se o histórico da nação asiática servir de guia, segundo o banco ING.

A situação da Europa sempre foi motivo de comparações com o Japão nos anos 90. Em um relatório divulgado na segunda-feira, o ING lista semelhanças, como o aumento da dívida pública, acúmulo de empréstimos bancários de risco, uma população que envelhece e enormes estímulos de política monetária.

Embora a resposta política do Japão à crise tenha sido lenta, o país também foi vítima de períodos desfavoráveis, de acordo com o ING. Várias oportunidades de recuperação foram perdidas devido à crise financeira asiática de 1997-98 e ao estouro da bolha da Internet, que foi seguido pela crise financeira global.

Esse também pode ser o destino da zona do euro, que no ano passado parecia estar prestes a suspender as medidas de estímulo, mas que agora volta a ser empurrada para outra direção. Com o impacto das tensões do comércio global sobre o confiança e expectativas de inflação perto de um recorde de baixa, o Banco Central Europeu enfrenta o dilema de cortar os juros ou reiniciar a flexibilização quantitativa.

"Sem uma recuperação forte, é difícil escapar do baixo crescimento, baixa inflação e, posteriormente, de um ambiente de juros baixos", disseram Carsten Brzeski e Inga Fechner, economistas do ING. "Uma retomada econômica pode acabar rapidamente, e a política monetária pode não ter munição suficiente na manga, com as taxas de juros se mantendo abaixo de zero nos próximos anos."

Os paralelos significam que a Europa poderia ter um banco central com o balanço inflado nos próximos anos, além da necessidade de um grande pacote fiscal. Há também a perspectiva de os governos precisarem aumentar as idades de aposentadoria para impedir que a força de trabalho encolha.

"Para a zona do euro, a lição mais importante provavelmente não é tanto a causa da japanificação, mas as tentativas desesperadas de sair dela", disse o ING. "Não haverá muito espaço para aumentos dos juros nos próximos anos."

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