Economia

Jack Ma vê décadas de dificuldades causadas pela internet

O mundo precisa mudar os sistemas educacionais e definir como trabalhar com robôs para ajudar a diminuir os estragos, disse o cofundador da Alibaba

Jack Ma: “Nos próximos 30 anos o mundo verá muito mais dor que felicidade”, disse Ma sobre as mudanças no trabalho causadas pela internet (Daniel J. Groshong/Bloomberg)

Jack Ma: “Nos próximos 30 anos o mundo verá muito mais dor que felicidade”, disse Ma sobre as mudanças no trabalho causadas pela internet (Daniel J. Groshong/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2017 às 15h39.

Pequim - O presidente do conselho da Alibaba Group Holding, Jack Ma, disse que a sociedade deve se preparar para décadas de dor com a disrupção da economia pela internet.

O mundo precisa mudar os sistemas educacionais e definir como trabalhar com robôs para ajudar a diminuir os estragos causados pela automação e pela economia da internet, disse Ma em discurso em uma conferência sobre empreendedorismo em Zhengzhou, na China.

“Nos próximos 30 anos o mundo verá muito mais dor que felicidade”, disse Ma sobre as mudanças no trabalho causadas pela internet. “Nas próximas três décadas os conflitos sociais provocarão impactos em todos os tipos de setores e modos de vida.”

Este foi um discurso incomum para o cofundador da Alibaba, que tende a adotar um papel de visionário e exaltar as promessas do futuro.

Ele explicou no evento que nos primeiros tempos do comércio eletrônico havia tentado alertar as pessoas de que a atividade iria perturbar os varejistas tradicionais e similares, mas que poucos o escutaram.

Desta vez, ele quer fazer um alerta sobre o impacto das novas tecnologias para que ninguém se surpreenda.

“Quinze anos atrás eu fiz discursos 200 ou 300 vezes para lembrar a todos que a internet afetará todos os setores, mas as pessoas não me escutaram porque eu não era ninguém”, disse ele.

Ma fez os comentários em um momento em que a Alibaba, a maior operadora de comércio eletrônico da China, está investindo bilhões de dólares para entrar em novos negócios, como produção de filmes, streaming de vídeos, finanças e computação em nuvem.

A empresa com sede em Hangzhou, considerada um barômetro do sentimento do consumidor chinês, está procurando se expandir no exterior desde que assumiu o controle da Lazada Group para estabelecer uma base no Sudeste Asiático, o que poderia criar um enfrentamento com empresas como a Amazon.com.

Ma, 52, também fez críticas ao setor bancário tradicional, afirmando que os empréstimos precisam ser disponibilizados a mais membros da sociedade. A falta de um sistema de crédito robusto eleva os custos para todos, disse ele.

O evento do Clube do Empreendedor da China recebe muitos fundadores de startups do país, mas mesmo aqui Ma foi recebido como celebridade.

Ao subir ao palco, a multidão se aproximou e tirou selfies com Ma de fundo. Durante uma sessão de perguntas e respostas, as pessoas pulavam para chamar a atenção e muitas vezes usavam o tempo com o microfone para dizer como estavam maravilhados de ter a oportunidade de conversar com ele.

Em alguns momentos Ma foi brutal em suas críticas às empresas que não se adaptam.

Em determinado momento ele afirmou que a computação de nuvem e a inteligência artificial são essenciais para os negócios -- e que se os líderes não conseguem entender isso, devem encontrar jovens em suas empresas que possam explicar-lhes a respeito.

Mais uma vez ele exortou os setores tradicionais a deixarem de reclamar sobre os efeitos da internet na economia. Ele disse que os críticos da Alibaba ignoram o fato de que o Taobao, seu principal mercado on-line, ter criado milhões de empregos.

Ele também alertou que uma maior esperança de vida e a melhora da inteligência artificial provavelmente acarretariam o envelhecimento da mão de obra e a diminuição do número de empregos.

“As máquinas só devem fazer o que os humanos não podem”, disse ele.

“Só assim poderemos ter a oportunidade de manter as máquinas como parceiros de trabalho dos humanos, não como substitutos.”

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