Economia

Termo "neste momento" sobre Selic surpreende, diz J.Safra

Economista do banco mostrou-se surpreso com a manutenção do termo no comunicado que acompanhou a decisão do Copom


	O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, coordena reunião do Copom
 (Elza Fiúza/ABr)

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, coordena reunião do Copom (Elza Fiúza/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2014 às 22h13.

São Paulo - O economista-chefe do Banco J.Safra, Carlos Kawall, mostrou-se surpreso com a manutenção do termo "neste momento" no comunicado que acompanhou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).

O colegiado manteve a Selic estável em 11% ao ano, mas, segundo Kawall, ao usar o "neste momento" a instituição criou duas opções distintas de leitura.

Por isso, a reação dos juros futuros vai depender do que cada investidor enxergar e também das próximas comunicações do Banco Central.

Uma possibilidade é o reforço da leitura dos agentes que, devido à fraqueza recente da atividade, acreditam que a Selic pode ser até mesmo cortada no curto prazo.

"A corrente dos que enxergam que a atividade fraca pode fazer a inflação convergir para a meta, diante do esforço monetário já feito pelo Banco Central, pode ganhar força", pontuou Kawall, para em seguida completar: "Mas eu não acredito nesta hipótese".

"Da última vez, o uso do termo parecia ser no sentido de que poderia elevar a Selic por conta da inflação pressionada. Depois, com a ata da reunião mostrando atividade mais fraca e inflação resistente, o BC passou a ideia de que a Selic seria mantida por um período mais prolongado, apostando nesse equilíbrio de forças", disse.

No entanto, para ele, na nota divulgada pelo Banco Central no começo deste mês, referente a uma entrevista que o presidente do BC, Alexandre Tombini, deu para um órgão interno da instituição, ficou claro que, na avaliação de Kawall, Tombini sinalizou que "o mundo não está mais em 2011, pois o ambiente externo está no sentido de uma normalização".

Depois, lembrou Kawall, a nota falou que a inflação também estava resistente, mas citou "apenas a atividade internacional". "Após isso, o IPCA em 12 meses até junho acabou indo para acima do teto da meta, de 6,50%.

Para mim, o termo 'neste momento' deveria ser lido como o sinal de que a inflação preocupa e que, portanto, poderia haver alta da Selic", analisou. "Meu call é de alta do juro em dezembro", disse.

Mesmo porque, segundo ele, o Brasil vai chegar ao fim do ano com inflação beirando os 6,50%, "até um pouco acima". "E qual será, depois da eleição, a perspectiva da inflação nos próximos 12 meses, com uma série de preços represados?", questionou.

"Além disso, o Fed já terá terminando sua compra de títulos, e os agentes estarão discutindo quando haverá alta do juro por lá", afirmou, dizendo que esse conjunto de fatores pode abrir espaço para um aperto monetário na última reunião do ano.

Acompanhe tudo sobre:Banco SafraCopomEmpresasEstatísticasIndicadores econômicosJurosSelic

Mais de Economia

Planalto quer que Haddad explique corte de gastos em pronunciamento em rádio e TV

Para investidor estrangeiro, "barulho local" sobre a economia contamina preços e expectativas

Qual estado melhor devolve à sociedade os impostos arrecadados? Estudo exclusivo responde

IPCA-15 de novembro sobe 0,62%; inflação acumulada de 12 meses acelera para 4,77%