Economia

Itaú reduz (de novo) estimativa para alta do PIB de 2019, de 1,3% para 1%

O banco espera aprovação da reforma previdenciária no terceiro trimestre de 2019 na Câmara e no quarto trimestre no Senado

Itaú: Para 2020, a conta da instituição sobre a elevação do PIB foi piorada para 2,0%, de 2,5%. (Itaú/Divulgação)

Itaú: Para 2020, a conta da instituição sobre a elevação do PIB foi piorada para 2,0%, de 2,5%. (Itaú/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 13 de maio de 2019 às 13h46.

São Paulo - O Itaú Unibanco voltou a reduzir as projeções para o desempenho da atividade econômica brasileira em 2019 e 2020, diante de um quadro de estagnação do investimento.

O banco manteve prognóstico de queda para a Selic neste ano, mas condicionada à aprovação da reforma da Previdência, enquanto deixou inalteradas estimativas para o câmbio e melhorou os números para as contas públicas neste ano.

O Itaú reduziu o crescimento do PIB esperado para 2019 a 1,0%, de 1,3% antes. Para 2020, a conta foi piorada para 2,0%, de 2,5%.

Para o primeiro trimestre, a estimativa foi reduzida para contração de 0,2% sobre o quatro trimestre de 2018 (com ajuste sazonal), ante previsão anterior de expansão de 0,1%, sob efeito da queda da produção industrial de março.

A pesquisa Focus divulgada pelo BC nesta segunda-feira mostrou que a projeção de crescimento do PIB em 2019 foi reduzida em 0,04 ponto percentual, para 1,45%, na 11ª semana seguida de redução.

"A confiança do empresário não se recuperou em abril, após forte queda em março, e a criação de empregos medida pelo Caged está desacelerando - fatores que nos levam a crer, em linha com as impressões colhidas junto ao setor real, que a incerteza associada à implementação de reformas tem pesado em alguma medida sobre a atividade econômica", disse o Itaú em nota.

Para as contas públicas, o Itaú melhorou a estimativa de déficit primário neste ano para 0,8% do PIB, ante déficit de 1,5% antes, por causa da receita extraordinária do leilão de petróleo do excedente da cessão onerosa.

O banco espera aprovação da reforma previdenciária no terceiro trimestre de 2019 na Câmara dos Deputados e no quarto trimestre no Senado. O Itaú estima que a versão final a ser aprovada pelo Congresso representará entre 50% e 75% da proposta original, com economia acumulada nos dez anos entre 2020 e 2029 entre 670 bilhões de reais e 990 bilhões de reais.

"Nossa confiança na aprovação da reforma deriva da existência de uma maioria nocional no Congresso que não se opõe conceitual ou ideologicamente à proposta e que pode ser mobilizada para as votações, bem como do consenso, entre formadores de opinião, sobre a necessidade de se restaurar a sustentabilidade financeira do sistema previdenciário", disse o banco na nota.

Citando que o real tem estado mais pressionado que o sugerido pelos fundamentos, o Itaú manteve estimativa de que a taxa de câmbio terminará 2019 em 3,80 por dólar e 2020 em 3,90 por dólar. O dólar era negociado nesta segunda-feira perto de 4 reais.

O Itaú considera haver espaço para apreciação moderada do real caso o cenário externo não piore, mas ressaltou que o ímpeto de ganhos para a moeda brasileira é limitado pela queda do diferencial de juros às mínimas históricas.

A expectativa para a alta do IPCA se manteve em 3,6% para 2019 e 2020, com a leitura benigna influenciada pela inércia favorável, por expectativas ancoradas e pela elevada capacidade ociosa da economia.

O Itaú segue vendo corte da Selic em 2019 (para 5,75%) e 2020 (5,50%), dos atuais 6,50%, fruto da combinação entre inflação na meta e atividade fraca.

"Embora insistindo na necessidade de esperar por mais clareza no fronte de reformas, as autoridades (do Copom) parecem inclinadas a reavaliar a adequação do atual estímulo monetário na economia, caso a atividade não se fortaleça nos próximos meses", afirmou o Itaú.

Mas o banco ressalva que uma frustração com o andamento de medidas fiscais pode forçar o BC a deixar o juro estável ou mesmo elevá-lo. "Embora esse não seja nosso cenário base, tal frustração poderia levar a um aumento do prêmio de risco, depreciação do câmbio e desancoragem de expectativas de inflação, mesmo que o hiato de produto continue amplo."

(Por José de Castro)

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