Economia

Itaú piora estimativa para déficits primários no Brasil em 2020 e 2021

O banco citou despesas com auxílio emergencial pago a trabalhadores por causa da pandemia neste ano e aumento de gastos sociais no ano que vem

Itaú: a equipe de pesquisa macroeconômica do banco, chefiada pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, piorou a estimativa para os déficits primários (Paulo Whitaker/Reuters)

Itaú: a equipe de pesquisa macroeconômica do banco, chefiada pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, piorou a estimativa para os déficits primários (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de julho de 2020 às 15h21.

A equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú Unibanco, chefiada pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, piorou a estimativa para os déficits primários no Brasil em 2020 e 2021, citando despesas com auxílio emergencial neste ano e aumento de gastos sociais no ano que vem.

Em relatório de revisão de cenário macro divulgado nesta sexta-feira, o Itaú alertou que, em caso de piora fiscal adicional, a retomada da economia ficaria ainda mais prejudicada, e a manutenção da taxa de juros próxima às mínimas históricas poderia ser inviabilizada.

O banco privado passou a ver déficit primário em 2020 de 11% do PIB (ou 800 bilhões de reais), ante projeção anterior de 10,2% (740 bilhões de reais).

Para este ano, a piora decorre da expectativa do banco de que o auxílio emergencial de 600 reais para trabalhadores informais seja prorrogado por mais dois meses, embora a valores menores (300 reais em setembro e outubro). O presidente Jair Bolsonaro assinou decreto na terça-feira para prorrogar o auxílio emergencial aos chamados vulneráveis, mas sem detalhes sobre o pagamento da nova fase do benefício.

No cenário do Itaú, o impacto fiscal das medidas de combate aos efeitos do coronavírus deve alcançar 7,8% do PIB (565 bilhões de reais).

Para 2021, o prognóstico é que o rombo seja de 2,5% do PIB (200 bilhões de reais), contra 2,2% do PIB (175 bilhões de reais) do cenário de antes. O banco espera elevação de gastos sociais da ordem de 0,9% do PIB (67 bilhões de reais), financiado parcialmente por um aumento da carga tributária de 0,2% do PIB (20 bilhões de reais) --que deve focar a tributação de lucros de setores específicos e de alta renda.

"Além disso, para os dois anos, com o desemprego mais elevado, as receitas do governo também terão um crescimento menor do que esperávamos anteriormente", disse o Itaú no relatório.

Do lado da dívida bruta, o banco privado calcula que a proporção sobre o PIB baterá 92% em 2020 e 90% em 2021.

Dólar em alta

O Itaú manteve estimativa de dólar a 5,75 reais ao fim de 2020 --o que implica valorização nominal de quase 8% ante o patamar desta sexta-feira e de 43% frente ao encerramento de 2019.

"Ao longo deste ano, o fluxo de capitais para o Brasil deve ser negativo, por causa do risco fiscal ainda elevado, da contração acentuada da atividade econômica e do cenário de juros baixos", disse o banco.

Para 2021, contudo, a projeção é de valorização da taxa de câmbio, com o dólar em queda a 4,50 reais --baixa de 21,7% ante a cotação esperada pelo banco para o fim de 2020 e de 15,5% em relação ao nível desta sexta.

"Adiante, à medida em que o choque externo se dissipa e a economia brasileira retoma o crescimento, há espaço para apreciação da moeda em direção a um patamar mais consistente com os fundamentos da economia brasileira", acrescentou o banco.

O Itáu manteve expectativa de inflação de 1,8% neste ano e de 2,8% para 2021, com Selic estável em 2,25% ao fim de 2020 --em meio a perspectivas de contração menos intensa da atividade econômica-- e em alta para 3,0% ao término de 2021.

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