Informação é do economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn (Pedro Zambarda/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2011 às 13h01.
São Paulo - O economista-chefe do Itaú Unibanco e sócio do Itaú BBA, Ilan Goldfajn, disse hoje que a projeção da instituição para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano é de um crescimento de 2,8%. De acordo com ele, o PIB da agropecuária deve aumentar 1,6%; o da indústria, 1,7%; e o de serviços, 3%. Na projeção de Goldfajn, o PIB do quarto trimestre deve ter expansão de 0,44%. "Todos os nossos indicadores mensais para o modelo do PIB caíram. Além disso, os estoques da indústria ainda estão bastante altos e, mesmo que a demanda se recupere, vai demorar um pouco para desfazê-los", afirmou.
Para 2012, Goldfajn disse acreditar que o PIB deve crescer 3,5%. Os dois primeiros trimestres do ano devem ser afetados pela crise na Europa, mas para o terceiro e o quarto trimestre o economista acredita que o PIB deve se recuperar. Para o primeiro trimestre, a projeção do Itaú Unibanco é de um crescimento de 0,8%; para o segundo, alta de 1,3%; para o terceiro, crescimento de 1,8%; e para o quarto trimestre alta de 1,9%.
Na avaliação de Goldfajn, o crescimento da economia brasileira em 2012 deve ser puxado pela alta do salário mínimo, que será a maior dos últimos seis anos, a aceleração dos gastos fiscais e a queda da taxa de juros. Para o fim de 2012, o banco projeta que a Selic estará em 9% ao ano. De acordo com ele, a economia do País tende a ser estimulada quando a taxa de juro real girar em torno de 3% a 4% ao ano.
O banco também projeta que o IPCA deve fechar 2012 em 5,25%. O câmbio deve ficar em R$ 1,75. O superávit primário deve chegar a 2,5% do PIB e o déficit nas contas correntes, a 2,9% do PIB.
Na avaliação do economista, embora esteja exposto aos efeitos da crise na Europa, o País não deve ser tão afetado. Segundo ele, a Europa representa 17% das exportações do País e 15% das importações. O impacto maior, de acordo com Goldfajn, está no Investimento Estrangeiro Direto (IED). "Cerca de 57% do nosso IED neste ano vem dos países da zona do euro", afirmou.
De acordo com o economista, é no IED que reside o maior risco de contágio da crise no Brasil. Apesar disso, ele é otimista e acredita ser difícil que haja uma queda nos investimentos estrangeiros no País em 2012, comparativamente a 2011. "Nem mesmo em 2008 e 2009 o IED caiu, e olha que a crise foi forte", afirmou. Ele acredita ser provável que ocorra um processo de realocação dos investimentos no mundo em direção aos Brics. "A conclusão é de que a crise na Europa provavelmente vai impactar o Brasil, mas nós não temos tanta dependência", afirmou.
O Itaú Unibanco trabalha com dois cenários para suas projeções de 2012. No cenário básico, em que prevê uma desaceleração global, o PIB mundial deve crescer 2,7%; os EUA, 1,5%; a China 7,8%; e o Japão 1,7%. O PIB da zona do euro deve encolher 1,1%. E o preço médio das commodities deve cair 9,5% (em dólar).
No pior cenário, considerando-se uma ruptura na Europa com calote e saída de países da zona do euro, o PIB mundial cairia 1,9%; o dos EUA, 2,1%; o da zona do euro, 8,1%; e o do Japão, 4%. Já o PIB da China cresceria 5,5%. O preço médio das commodities cairia 31,9% (em dólar).
"Acredito mais no cenário básico porque o cenário de desorganização é um cenário que todos os governos querem evitar. Ele só ocorre se houver um acidente, se não conseguirem de fato evitá-lo", disse. "Não que seja um cenário improvável, mas a possibilidade de que ocorra é menor que a cenário básico."