Itaú: os bancos no Brasil estão aumentando as taxas (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2014 às 14h44.
São Paulo - Os pedidos da presidente <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/dilma-rousseff">Dilma Rousseff</a></strong> para que os bancos brasileiros reduzam os custos de tomar <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/emprestimos">empréstimos</a></strong> estão sendo soterrados pela cambaleante economia do País.</p>
Os bancos cobraram em média 32 por cento em juros anuais por empréstimos no mês passado, 20,9 pontos porcentuais a mais do que eles pagam por tomar dinheiro emprestado, disse ontem o Banco Central.
A brecha, conhecida como margem líquida de juros, é agora a mais alta desde maio de 2012 e se aproxima dos níveis que, naquele ano, levaram Dilma a pressionar os credores a cortar as taxas que ela vituperou como “inaceitáveis”.
Do Banco do Brasil SA ao Itaú Unibanco Holding SA, os bancos no Brasil estão aumentando as taxas de empréstimos, enquanto o crescimento lento na maior economia da América Latina corrói a solvência de mutuários e os responsáveis pelas políticas econômicas aumentam as taxas de juros de referência para frear a inflação.
Com o aumento das taxas de inadimplência neste ano, o crescimento do crédito desacelerou para seu ritmo mais lento em mais de 10 anos, e os bancos do País, incluindo as firmas estatais que atenderam ao pedido de Dilma nos últimos dois anos, endurecem seus padrões de empréstimos.
“O atual cenário econômico é um PIB em queda junto com pressão inflacionária, um cenário que sinaliza que as inadimplências podem aumentar”, disse João Augusto Salles, economista da consultoria Lopes Filho Associados, em entrevista por telefone, do Rio de Janeiro. “É a forma que os bancos têm de se defender”.
O rendimento médio pago pelos títulos de bancos brasileiros declinou 0,67 ponto porcentual para 4,89 por cento neste ano, e a média de rendimentos de títulos financeiros de mercados emergentes caiu 0,63 ponto porcentual para 4,55 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg e pelo JPMorgan Chase Co.
Perspectiva de crescimento
As assessorias de imprensa do Banco do Brasil e do Itaú não quiseram comentar sobre suas margens líquidas de juros e seus empréstimos, em comunicados enviados por e-mail.
Um funcionário da assessoria de imprensa da presidente não respondeu imediatamente a e-mails nem a uma ligação telefônica.
A economia do Brasil se expandirá 1,3 por cento neste ano, o menor ritmo desde 2012, frente a 2,3 por cento em 2013, segundo a média de previsões numa pesquisa da Bloomberg.
Após reduzir a taxa de referência para o recorde negativo de 7,25 por cento em outubro de 2012, para incentivar o crescimento, o Banco Central aumentou a taxa em 3,75 pontos porcentuais, para 11 por cento, a fim de frear a inflação.
No mês passado, os aumentos nos preços ao consumidor ultrapassaram o limite superior de 6,5 por cento da meta de inflação do Banco Central.
Taxas de inadimplência
As taxas de inadimplência para empréstimos com mais de 90 dias em mora tocaram 5 por cento em maio, o nível mais alto desde novembro, antes de cair para 4,8 por cento em junho, segundo o Banco Central. As taxas de inadimplência tinham caído para 4,7 por cento, seu valor mais baixo em 32 meses, em dezembro.
Os empréstimos bancários cresceram 11,8 por cento em junho, o menor ritmo desde abril de 2004, frente a um aumento de 12,7 por cento no mês anterior, mostram dados compilados pelo Banco Central.
Em 25 de julho, a desaceleração do crédito levou o Banco Central a disponibilizar um estimado de R$ 45 bilhões (US$ 20 bilhões) para credores, com medidas como menores requisitos de reservas.
A medida pode ajudar a reduzir os prêmios dos empréstimos, segundo o CEO do Banco Bradesco SA, Luiz Carlos Trabuco Cappi.
“Esta medida injeta liquidez nos bancos”, disse ele em entrevista por telefone, de Osasco, São Paulo. “As taxas de empréstimos mudarão com essa concorrência”.
Após aumentar os empréstimos a três vezes o ritmo dos credores privados no ano passado, os bancos estatais estão reduzindo o ritmo de crédito, segundo o Banco Central. Em junho, eles reduziram a expansão do crédito para 17 por cento em relação ao ano anterior, após aumentarem o crédito 23 por cento em 2013.
“Os bancos estatais estão tirando o pé do acelerador”, disse Gilberto Tonello, analista da GBM em São Paulo, em entrevista por telefone.