Economia

Itália privilegia pista do 'desequilibrado' em atentado a escola

As autoridades que investigam o atentado descartaram o envolvimento da máfia

Policiais examinam área do ataque em Brindisi que matou uma aluna de 16 anos (Donato Fasano/AFP)

Policiais examinam área do ataque em Brindisi que matou uma aluna de 16 anos (Donato Fasano/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2012 às 12h49.

As autoridades italianas que investigam o atentado de sábado contra um colégio de Brindisi (sul), que matou uma adolescente de 16 anos e provocou indignação em todo o país, descartaram neste domingo o envolvimento da máfia e o atribuem a "ação de um desequilibrado".

"Trata-se de um gesto isolado, não necessariamente de um ato terrorista", afirmou, neste domingo, durante uma coletiva de imprensa, o promotor de Brindisi (sul), Marco Di Napoli.

"Poderia ser o gesto de uma pessoa em guerra com o mundo ou com problemas psicológicos", acrescentou o promotor, depois de reconhecer que, de qualquer forma, "todas as pistas continuam abertas".

Vinte e quatro horas depois do atentado, os investigadores tendem a descartar o envolvimento da máfia: "É pouco provável que tenha sido a máfia", afirmou Di Napoli.

"Não se pode excluir nada, mas o mais provável é que se trate de um ato individual e isolado", disse.

Segundo o promotor, a polícia elaborou um retrato do autor do atentado, que aparece nas gravações das câmaras de vigilância instaladas próximas ao colégio. As imagens captadas são de um homem "adulto" se preparando para explodir a bomba.

"São imagens terríveis", disse o promotor, que informou que "não se trata de um estrangeiro".

Duas pessoas foram interrogadas pela polícia de Brindisi dentro das investigações do atentado, segundo fontes da imprensa local.

O atentado, realizado com um artefato caseiro composto por três botijões de gás conectados entre eles e ocultos em mochilas colocadas junto ao colégio profissionalizante, ainda não teve a autoria reivindicada.

A explosão aconteceu sábado por volta das 07H45 (02H45 de Brasília), quando os alunos entravam no colégio Morvillo-Falcone, que leva o nome da esposa do juiz Giovanni Falcone, Francesca Morvillo-Falcone, assassinados há vinte anos em um atentado da máfia siciliana.

Segundo o site de notícias Brindisireport, um dos interrogados é um ex-militar com conhecimentos em eletrônica e com parentes com uma loja de distribuição de botijões de gás para uso doméstico.

O atentado, inédito na Itália considerando o alvo escolhido, causou indignação e levou a numerosas manifestações nas cidades de Roma, Nápoles, Milão e Bolonha.

A explosão matou Melissa Bassi, de 16 anos, na hora, e deixou gravemente ferida uma colega de mesma idade.

Quatro adolescentes estão hospitalizadas e foram operadas por causa de graves queimaduras em todo o corpo.

Para o promotor, o autor ou os autores, conheciam a escola, seus horários, são especialistas em "eletrônica" e tinham vontade de "provocar um massacre".

Centenas de pessoas se reuniram domingo em frente ao instituto para depositar flores e cartões e prestar homenagem às vítimas do primeiro atentado na Itália contra uma escola pública, frequentada por alunos de todas as condições sociais. "Isso é inaceitável, o país deve se rebelar", disse o diretor, Angelo Rampino.


Em um primeiro momento, a hipótese levantada foi a do envolvimento da máfia, por causa do nome do colégio e que uma "caravana da legalidade" deveria passar por Brindisi neste fim de semana para comemorar o aniversário da morte de Falcone, juiz famoso pela luta contra a máfia.

"A Sacra Corona Unita, a máfia de Apulia, está muito enfraquecida, não acredito que seja capaz de organizar algo parecido", comentou o chefe da divisão local contra a máfia, Cataldo Motta.

Além disso, o fato de que a máfia nunca tenha atentado contra escolas, e seus artefatos serem feitos com dinamite, levaram os investigadores a outras pistas.

Alguns editorialistas mencionaram o temor sobre a volta dos chamados "anos de chumbo", iniciados há quatro décadas, um período em que o terrorismo de esquerda e de direita encheu a península de sangue, deixando um saldo de 415 mortos em 15 mil atentados entre 1969 e 1988.

Uma série de episódios recentes causaram preocupações no país, levando o governo, na última quinta-feira, a reforçar os dispositivos de segurança para mais de 14 mil possíveis alvos terroristas, depois do atentado em Gênova no último 7 de maio contra a direção do grupo Ansaldo Nucleare, especializado em energia nuclear.

Esse atentado foi reivindicado por um grupo anarquista, que ameaçou realizar novas ações.

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