Economia

Itália permanecerá na zona do euro, diz Luigi Di Maio

O vice-primeiro-ministro italiano afirmou que "os tempos mudaram" e que a confiança na ideia de permanecer na zona do euro aumentou

Luigi Di Maio: o político defendeu o orçamento de 2019, muito criticado pela UE (Simona Granati - Corbis/Getty Images)

Luigi Di Maio: o político defendeu o orçamento de 2019, muito criticado pela UE (Simona Granati - Corbis/Getty Images)

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AFP

Publicado em 9 de novembro de 2018 às 16h39.

O vice-primeiro-ministro italiano, Luigi Di Maio, "garantiu" nesta sexta-feira aos correspondentes estrangeiros em Roma que a Itália permanecerá dentro da zona do euro e defendeu o orçamento de 2019, rejeitado pela Comissão Europeia.

"A Itália não sairá da zona do euro, garanto isso como vice-primeiro-ministro do governo", garantiu Di Maio, líder do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5E), em coletiva de imprensa.

"Eu projetei meu papel como líder político no fato de que não deveríamos deixar o euro, e garanto isso não só como líder do M5E, mas o digo em nome do governo, como vice-primeiro-ministro", acrescentou.

"Os tempos mudaram e no ano passado aumentou a confiança na ideia de permanecer na zona do euro", disse Di Maio, aliado desde junho da Liga, de extrema direita, no governo.

Di Maio defendeu o projeto de orçamento para 2019, rejeitado pela Comissão Europeia que prevê um déficit de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019.

A Comissão Europeia reduziu as previsões econômicas otimistas do governo populista italiano na quinta-feira, enquanto o FMI alertou para um possível "contágio" de turbulência na Itália para outros países europeus.

A Itália baseou seu orçamento com uma previsão de crescimento muito otimista, de 1,5% em 2019, quando a Comissão previu um crescimento na quinta-feira de 1,2% para o próximo ano e de 1,3% em 2020.

"Sinceramente, quero explicar à Comissão que a cifra de 2,4% é o limite máximo", afirmou Di Maio.

Em meio às contas

O ministro italiano da Economia, Giovanni Tria, acusou a Comissão Europeia de calcular mal as previsões de déficit para a Itália.

A "falha" da Comissão "afeta o diálogo construtivo que o governo italiano se empenhou em manter", garante Tria.

O governo populista - "um termo que não me incomoda", disse Di Maio - considera que o novo orçamento permitirá reativar o crescimento econômico.

"Temos de sair da armadilha gerada pelo fraco crescimento", alertou Tria nesta sexta-feira perante uma comissão parlamentar.

O ministro acredita que, apesar da desaceleração econômica no terceiro trimestre, o crescimento do PIB será de 1,5% para o próximo ano - um número considerado muito otimista por Bruxelas, onde se espera que seja de 1,2%.

Tria disse que os gastos adicionais estipulados nos orçamentos para 2019 irão gerar um crescimento de 0,6%, uma estimativa "prudente", disse ele.

A Itália tem até 13 de novembro para apresentar um orçamento revisado para a UE. Se não mudar suas políticas, Roma está exposta ao início de um "procedimento de déficit excessivo" e, a longo prazo, a possíveis sanções econômicas.

"Não acho que chegaremos a este ponto", opinou Di Maio, que aposta no "diálogo com Bruxelas".

Os mercados financeiros estão preocupados com o aumento do déficit da Itália, cuja dívida chegou a 130% do PIB, nível mais alto da zona do euro depois da Grécia.

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