O presidente francês (e) recebe o premier italiano em Paris: Hollande e Monti se reuniram em Roma pela terceira vez (©AFP / Bertrand Langlois)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2012 às 15h56.
Roma - O chefe de governo italiano, Mario Monti, pediu à União Europeia (UE), nesta terça-feira, em meio à visita do presidente francês, François Hollande, que o grupo reconheça os esforços realizados pelos países europeus para superar a crise econômica e detenha a alta das taxas no mercado obrigatório.
Durante uma reunião celebrada em Roma com o presidente francês, Monti recordou as duras políticas de ajuste aplicadas por esses países.
"A UE deve reconhecer esses esforços", disse, e "pôr fim ao obstáculo das elevadas taxas de juros que pagam para obterem financimentos e que não correspondem a sua verdadeira situação econômica", disse Monti, aludindo implicitamente à Itália e à Espanha.
De fato, as obrigações de dívida de Espanha e Itália foram negociadas com juros em queda nesta terça-feira, graças às declarações feitas na véspera pelo presidente do BCE, Mario Draghi, que abriu a porta para as compras de dívida soberana de curto prazo (até três anos).
Às 16H00 GMT (13H00 de Brasília), a rentabilidade das obrigações espanholas a dez anos retrocedia a 6,573% no mercado secundário (onde se negocia a dívida já emitida), frente a 6,853% no fechamento de segunda-feira. Já o rendimento dos títulos italianos a dez anos caía a 5,661%, frente a 5,771% na sessão anterior.
Hollande e Monti se reuniram em Roma pela terceira vez desde a eleição do presidente francês, em maio passado, para preparar uma série de encontros cruciais para a Zona Euro.
Ambos reiteraram sua intenção de impulsionar a implementação das medidas de estímulo adotadas na última reunião europeia de junho.
"Temos identificado três objetivos para a Eurozona: implementar as decisões do Conselho Europeu, resolver os problemas na Grécia e na Espanha e criar a união bancária", disse Hollande.
Contudo, ambos se recusaram a comentar a possibilidade de que o Banco Central Europeu (BCE), que se reúne na quinta-feira, intervenha comprando dívida dos países mais frágeis - como Espanha e Itália - para reduzir as taxas de juros de seus bônus.
Em nome da independência do BCE, o presidente francês disse que "o melhor comentário a respeito é não dizer nada em absoluto".
Já o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, afirmou nesta terça-feira que o BCE "fará todo o necessário para salvar o euro".
"Claro que o BCE fará todo o possível para salvar o euro. O primeiro mandato do BCE é garantir a existência do euro, não só assegurar a estabilidade de preços", disse Barroso em um discurso em Bruxelas.
A reunião entre Monti e Hollande acontece dentro do encontro diplomático em curso desde o final de agosto, com numerosas reuniões entre dirigentes europeus (Monti e a chanceler alemã, Angela Merkel, dia 29 de agosto, Hollande e o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, no dia 30), e que se intensifica esta semana com outras (o presidente do Conselho Europeu Herman Van Rompuy com Merkel e em seguida com Hollande; Merkel com Rajoy; Hollande e o primeiro ministro britânico David Cameron; Monti-Van Rompuy).
Estas reuniões bilaterais se converteram em algo "habitual" e são "muito importantes, já que as próximas semanas são de enorme" importância, segundo uma fonte francesa.
Além da esperada reunião do BCE na quinta-feira, a Espanha medirá nesse mesmo dia a confiança dos investidores, com sua primeira emissão de dívida de longo prazo em um mês, coincidindo com uma visita a Madri de Merkel.
No dia 12 de setembro, a Corte Constitucional alemã se pronunciará sobre a validade do fundo de resgate europeu. Nsse mesmo dia, haverá eleições legislativas na Holanda, onde pode ser reforçado o campo dos euroecéticos.