Economia

Itália em plena recessão se prepara para um 2012 sombrio

País registrou queda no PIB pelo terceiro trimestre consecutivo e agora luta para sair da crise

Manifestantes italianos protestam: analistas projetam um 2012 sombrio (Mario Laporta/AFP)

Manifestantes italianos protestam: analistas projetam um 2012 sombrio (Mario Laporta/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2012 às 14h42.

Milão - A Itália, atingida por uma crise de dívida, entrou formalmente em recessão no final de 2011 e se prepara para um 2012 sombrio, marcado pela austeridade.

O Produto Interno Bruto (PIB) do país, terceira maior economia da zona do euro, registrou um queda de 0,7% no quarto trimestre, que se somou à queda de 0,2% no trimestre anterior, informou nesta quarta-feira o Instituto Italiano de Estatísticas (ISTAT).

O retrocesso no quarto trimestre significa a entrada oficial na recessão, definida por uma queda do PIB durante três trimestres consecutivos.

O país já esteve em recessão em 2009 com uma baixa do PIB de 5,1%.

Os economistas não se preparam para um retrocesso tão acentuado no quarto trimestre.

Ao todo em 2011, a economia italiana registrou um baixo crescimento, da ordem de 0,4%, valor inferior à previsão de 0,6% calculada pelo governo. Em 2010, o crescimento foi de 1,5%.

Para os economistas, a contração da economia se deu pela baixa demanda devido ao peso das drásticas medidas de ajuste decididas no final do ano passado e pelo freio do crescimento em todo o mundo, o que afeta um setor estratégico, o de exportações.

"Não há condições para que o consumo se erga e o desemprego está alcançando um nível recorde", comentou Chiara Corsa, economista do banco UniCredit, à AFP.

"Os italianos começaram a economizar mais graças às medidas de austeridade para 2012", afirma Fabio Fois do Barclays Capital.

Atacada pela especulação financeira devido à sua colossal dívida pública (cerca de 120% do seu PIB), a Itália aplica desde 2010 uma série de planos de ajuste com a finalidade de acalmar os investidores, o que tem reduzido a atividade econômica e provocado um aumento da pressão fiscal.


O governo liderado desde novembro do ano passado pelo tecnocrata Mario Monti aprovou em dezembro um pacote de medidas com o objetivo de alcançar o equilíbrio esperado em 2013.

A crise da dívida também repercutiu nos bancos e nas empresas e afeta o sistema financeiro, como explicado Chiara Costa.

Tudo indica que 2012 será difícil para a Itália, diz Costa, mesmo que o governo de Monti tenha prometido agarrar "o touro pelos chifres" e reorientar a economia italiana.

Embora o governo calcule que o PIB irá cair 0,4% este ano, o Banco da Itália estima uma queda de 1,2 a 1,5% e o Fundo Monetário Internacional (FMI) espera 2,2%, o que instaura ainda mais o clima sombrio.

Uma enorme recessão na Europa, onde vivem centenas de milhões de ricos consumidores, poderia comprometer a recuperação dos EUA e brecaria os mercados emergentes.

Junto aos planos de austeridade, Monti adotou um amplo plano para liberalizar a economia e negocia com os sindicatos uma reforma trabalhista que estimule o crescimento.

"É preciso esperar de três a cinco anos para ver os resultados das medidas", reconheceu o vice-ministro da Economia, Vittorio Grilli, há duas semanas.

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