Economia

Irã e China discutirão substituir moeda para pagar petróleo

Por causa das sanções dos EUA, os dois governos querem substituir o dólar como moeda para o pagamento do petróleo que a China importa

Refinaria de Lavan, no Irã:  em 2011, a China foi o principal comprador de petróleo iraniano (Behrouz Mehri/AFP)

Refinaria de Lavan, no Irã: em 2011, a China foi o principal comprador de petróleo iraniano (Behrouz Mehri/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2012 às 13h17.

Teerã - Teerã e Pequim discutirão nos próximos dias a substituição do dólar como moeda para o pagamento do petróleo que a China compra do Irã, por causa das dificuldades impostas pelos Estados Unidos aos iranianos, informou nesta quarta-feira a agência local 'Mehr'.

Segundo 'Mehr', as conversas surgiram pelos cada vez mais numerosos obstáculos ao uso do dólar para o pagamento a Teerã, devido às sanções impostas pelos EUA às empresas que têm negócios com o Irã e às entidades financeiras, incluindo o Banco Central do país.

As importações chinesas de petróleo iraniano, segundo a fonte, aumentaram em 2011 30% com relação ao ano anterior e se situaram em uma média de 557 mil barris diários, segundo dados das autoridades de Pequim.

No entanto, em janeiro, a China reduziu suas importações de petróleo iraniano para deixá-las em algo mais que a metade da média do ano anterior, 285 mil barris diários.

A China já pagou parte de sua fatura petrolífera com o Irã em sua própria divisa, ao invés de dólares, e os iranianos utilizam esse dinheiro para o pagamento de suas cada vez mais abundantes importações chinesas.

O Irã também tem aberta uma conta em divisa local na Coreia do Sul para a cobrança de parte de suas exportações de petróleo e a importação de mercadorias do país, segundo revelaram as autoridades de Teerã.

O Irã é o terceiro fornecedor de petróleo da China, que defendeu seus negócios com os iranianos, apesar das pressões dos Estados Unidos e da União Europeia, que pretendem estender as sanções econômicas a Teerã para que abandone seu programa nuclear.


A União Europeia aprovou no dia 23 de janeiro o bloqueio dos fundos do Banco Central do Irã em seu território e a proibição de importar petróleo do Irã a seus 27 países-membros, uma medida que deverá entrar em vigor no dia 1º de julho se Teerã não abandonar seu programa nuclear.

Em 2011, a China foi o principal comprador de petróleo iraniano, seguido pelo Japão, Índia e Coreia do Sul. Dos países europeus, o maior importador de petróleo iraniano é a Itália, que é seu quinto cliente, seguido pela Espanha, que é o sétimo.

A Grécia, a Espanha e a Itália, que segundo organismos europeus importam entre 13 e 14% do petróleo que consomem do Irã, serão os países mais afetados pela suspensão dessas compras se a medida entrar em vigor em julho.

Entre outros motivos, as sanções ao Irã, os avanços para um embargo petroleiro e a possibilidade de um eventual enfrentamento bélico no Golfo Pérsico, pela ameaças de ataques dos EUA e Israel ao Irã se o programa nuclear não terminar, fizeram subir nas últimas semanas os preços internacionais do petróleo.

O petróleo Brent do Mar do Norte, de referência na Europa, que nos meses anteriores tinha oscilado entre US$ 108 e US$ 111 o barril, se situou nos últimos dias acima dos US$ 116.

Grande parte da comunidade internacional, com os EUA e Israel na liderança, acusam o regime iraniano de ocultar sob seu programa nuclear civil outro de caráter militar, cujo objetivo seria produzir bombas atômicas, o que o Irã nega.

Teerã afirma que seus esforços no campo nuclear têm como único objetivo o uso pacífico da energia e tecnologia atômica. 

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaEnergiaEstados Unidos (EUA)Irã - PaísPaíses ricosPetróleo

Mais de Economia

As duas áreas com maior oportunidade de disrupção no Brasil, segundo fundadores dos maiores VCs

INSS recebeu 480,6 mil pedidos de devolução de descontos no primeiro dia para solicitações

Alesp aprova aumento do salário mínimo paulista para R$ 1804; veja quem tem direito

PF faz busca e apreensão em investigação contra fraudes no INSS em descontos de aposentadorias