Dinheiro: o IPCA desacelerou de 0,44% em agosto para 0,08% em setembro, conforme divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2016 às 19h45.
Rio - Embora a inflação esteja mostrando mais resistência do que o estimado, o cenário para os preços no curto e médio prazos é positivo. A perspectiva para a safra de alimentos em 2017 é favorável, enquanto o Banco Central tem feito um bom trabalho na ancoragem as expectativas, avaliou Maria Andréia Lameiras, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"E a gente ainda vai ter em 2017 um mercado de trabalho ruim tanto para o emprego quanto para os salários, e isso vai ajudar a manter a inflação sob controle também", acrescentou Maria Andréia.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 0,44% em agosto para 0,08% em setembro, conforme divulgado nesta sexta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa acumulada em 12 meses saiu de 8,97% para 8,48%, o menor patamar desde maio de 2015, mas ainda muito acima do centro da meta estipulada pelo governo, de 4,5%.
Segundo levantamento feito pelo Ipea com base nos dados do IPCA, a resiliência inflacionária vem dos preços livres, especialmente alimentos e serviços.
"Os alimentos, de fato, não têm muito como prever o comportamento. O que realmente surpreende são os preços dos serviços", disse a pesquisadora do Ipea.
A inflação de serviços acumulada em 12 meses ficou em 7,04% em setembro. O instituto aponta que há três principais motivos para que os serviços mantenham um patamar de preços elevado.
O primeiro é a resistência da alimentação fora do domicílio, sob influência direta do encarecimento dos alimentos como um todo; o segundo é a mudança metodológica no cálculo de dois itens do IPCA, mão de obra para pequenos reparos e empregado doméstico, que deixaram de ser obtidos através de dados da Pesquisa Mensal de Emprego e passam a levar em consideração o salário mínimo; e a resistência das famílias em substituir prestadores de serviços nas áreas de educação e saúde, o que abre espaço para que aceitem o repasse de preços.
"São serviços que têm mão de obra mais qualificada, e a perda salarial entre os mais qualificados foi menor. Além disso, tem um custo de transição. É difícil trocar o filho de colégio ou o médico, então o consumidor acaba se sujeitando. Até porque os serviços correspondentes na esfera pública não têm a mesma qualidade. Então as pessoas cortam primeiro o cinema, o almoço fora", explicou Maria Andréia.