Economia

IPCA estável mostra que BC acertou no curto prazo

Flávio Serrano, economista-sênior do BES Investimento, diz que ciclo de alta dos juros deve acabar na próxima reunião

BC acertou no curto prazo, mas cenário ainda é nebuloso, diz economista (.)

BC acertou no curto prazo, mas cenário ainda é nebuloso, diz economista (.)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2010 às 17h20.

São Paulo - Há dois meses a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permanece estável. Em junho, não houve variação, e em julho, ela foi de 0,01%. Para Flávio Serrano, economista-sênior do BES Investimento, este comportamento mostra que o Banco Central (BC), ao menos no curto prazo, acertou nas decisões ao longo do atual ciclo de alta dos juros.

No primeiro semestre, a alta de preços dos alimentos e o vigoroso ritmo de crescimento da economia anunciavam uma possível pressão inflacionária. "O Banco Central reagiu a isto, e começou o ciclo de aperto em abril. A estabilidade do IPCA não tem só a ver com isto, mas a ação do banco foi importante para a melhora", diz Serrano.

Em abril, a autoridade monetária abriu a série de altas nos juros, elevando a Selic em 0,75 ponto percentual, de 8,75% para 9,50%. Igual aumento em junho levou a taxa para 10,25%. No mês seguinte, o BC diminuiu a intensidade do aperto, subindo os juros para 10,75%. A decisão surpreendeu boa parte dos analistas, que esperavam uma nova alta de 0,75 p.p..

Na opinião do economista, a tendência de reduzir o aperto monetário deve ser mantida nos próximos encontros do Comitê de Política Monetária do BC (Copom). "Acreditamos que deve haver ainda um aumento de 0,25 ponto percentual, para encerrar o ciclo. Continuar a série de altas seria um exagero."

Nebuloso

O economista lembra que a estabilidade inflacionária não tem apenas a ver com a ação de Henrique Meirelles e sua equipe. Os preços dos alimentos, atualmente em baixa, foram em grande parte responsáveis pelos últimos números do IPCA. Além disso, a debilidade das economias de boa parte dos países europeus e dos Estados Unidos ajudou a segurar a alta da inflação no primeiro semestre.

"Com suas economias em crise, os países seguram os preços dos produtos que exportam em um patamar mais baixo. Isso é favorável ao Brasil, e mantém a situação por aqui sob controle", diz Serrano. Ele afirma, entretanto, que a situação pode mudar nos próximos meses. "Ainda não dá para dizer se o BC acertou no longo prazo, porque ainda temos pela frente um cenário nebuloso", alerta.

Serrano diz que as perspectivas de recuperação de algumas economias pode resultar em aumento de preços de produtos manufaturados e, principalmente, de commodities. "Neste caso, voltaríamos a ter pressões inflacionárias, e a autoridade monetária vai ser obrigada a agir novamente. Nos próximos meses, vai ser tudo muito tranqüilo, mas em 2011 a situação pode piorar."

Leia mais sobre inflação.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralInflaçãoMercado financeiroPreços

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE