Taxa acumulada em 12 meses continuou acima do teto da meta perseguida pelo governo (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2011 às 11h04.
Rio de Janeiro/São Paulo - A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou em maio em linha com o previsto, por conta da queda dos combustíveis, mas a taxa acumulada em 12 meses continuou acima do teto da meta perseguida pelo governo.
O indicador subiu 0,47 por cento, a menor leitura desde setembro, após alta de 0,77 por cento em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. O dado ficou exatamente em linha com a previsão de analistas ouvidos pela Reuters.
"Os transportes foram determinantes para a redução na taxa de crescimento do IPCA de abril para maio", destacou o IBGE em nota.
Os preços desse grupo tiveram queda de 0,24 por cento em maio, após a alta de 1,57 por cento em abril. O movimento deveu-se ao recuo de 0,35 por cento dos combustíveis, depois do salto de 6,53 por cento no mês anterior. O álcool despencou 11,34 por cento em maio, sendo o principal impacto para baixo no índice do mês, de 0,06 por cento.
Também contribuiu para a queda de Transportes a maior baixa dos preços de passagens aéreas, de automóveis novos e de usados.
"Com a entrada da safra, o etanol desabou e trouxe junto a gasolina", disse a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos. "Há também um efeito da demanda menor. Com preços mais altos, as pessoas evitam a compra." Houve ainda desaceleração dos grupos Vestuário (que saiu de alta de 1,42 por cento em abril para 1,19 por cento em maio) e Saúde e cuidados pessoais (de 0,98 para 0,73 por cento).
O grupo Alimentação e bebidas, por outro lado, continuou acelerando e fechou maio com alta de 0,63 por cento, ante 0,58 por cento em abril. Os destaques de pressão foram tomate e leite pasteurizado.
Além de alimentos, outros quatro dos nove grupos do IPCA tiveram altas maiores em maio que no mês anterior.
A desaceleração da inflação deve se acentuar em junho, com uma diminuição da alta dos alimentos e de algumas despesas como tarifas, segundo analistas.
Entre as pressões conhecidas neste mês estarão alta de ônibus urbano no Rio de Janeiro, Belém e Goiânia, gás encanado em São Paulo e táxi em Fortaleza, disse Eulina.
12 meses em alta
O IBGE acrescentou que o IPCA acumulado em 12 meses acelerou para 6,55 por cento, maior taxa desde julho de 2005, ante 6,51 por cento em abril.
É o segundo mês seguido acima do teto da meta perseguida pelo governo, que tem centro em 4,5 por cento e tolerância de 2 pontos percentuais.
O governo vem tomando medidas nos lados monetário e fiscal para conter a inflação. Nesta quarta-feira, o Banco Central deve anunciar mais um aumento do juro básico, segundo pesquisa da Reuters.
"As medidas de núcleo... continuam elevadas (alta de 0,58 por cento na média dos três), acima do centro da meta e também do teto da meta. A inflação de serviços continua alta, apesar da recente moderação", avaliou Marcelo Carvalho, chefe de pesquisa econômica para América Latina do BNP Paribas.
"No geral, a inflação mensal desacelerou, ajudada por fatores sazonais, mas a tendência da estrutura da inflação continua desafiadora." Analistas esperam mais alguns meses de aceleração da inflação acumulada em 12 meses --provavelmente até o fim do terceiro trimestre-- e desaceleração a partir daí, fazendo com que a inflação encerre 2011 perto mas abaixo do teto da meta de 6,5 por cento.
O mercado, no entanto, não descarta totalmente a chance de a inflação deste ano superar o teto. A última vez em que isso ocorreu foi em 2002. Em 2003 e 2004 a meta teve que ser ajustada para cima para evitar novos rompimentos.