Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 10 de abril de 2025 às 19h01.
Última atualização em 10 de abril de 2025 às 19h50.
A expectativa de economistas e relatórios consultados pela EXAME é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, de março terá desaceleração em relação ao mês anterior, mas seguirá acima de 5% no acumulado de 12 meses. Os preços dos alimentos também devem pressionar o indicador, na avaliação dos analistas.
Depois de acelerar em fevereiro e fechar o mês em 1,31%, o índice deve desacelerar e crescer entre 0,50% e 0,56%. Na prévia do mês, divulgada no fim de março, o IPCA-15 registrou alta de 0,64%, pressionado pelo preço dos alimentos e combustíveis.
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, espera que o IPCA seja de 0,50%, com variação em 12 meses de 5,41%. O item energia elétrica, que teve maior intensidade no último mês, deve contribuir para queda em 0,66 ponto percentual na leitura desta sexta-feira.
A analista afirma que os itens gasolina, alimentação no domicílio e comunicação devem ter resultados menores em relação à prévia divulgada no fim de março.
"Do lado altista, há poucas ressalvas, mas devemos ver acelerações discretas nos grupos de artigos de residência e saúde e cuidados pessoais, na comparação com a prévia de março", diz.
Para o fim do ano, Angelo projeta um IPCA de 5,5%, com balanço de riscos predominantemente baixista, muito pelo impacto do câmbio apreciado e possível reajuste de queda na gasolina.
Em relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), os analistas Álvaro Frasson, Arthur Mota, Lorena Laudares e Victor Amaral apontam para uma alta de 0,54% no mês e 5,45% em 12 meses.
A expectativa dos analistas é que a desaceleração seja amplamente influenciada pela dissipação de fatores sazonais e não recorrentes que impulsionaram a inflação em fevereiro, principalmente nos segmentos de energia elétrica, educação e combustível.
"Dito isso, também esperamos uma desaceleração na inflação de bens industriais, enquanto a leitura para o núcleo de serviços deverá continuar elevada", afirma.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, espera uma alta de 0,56% no mês e uma inflação de 5,57% em 12 meses. Pinheiro diz que os destaques de alta devem ficar com os itens alimentação — devido às pressões nos preços de café, ovos, hortaliças e verduras — e transportes e despesas pessoais, com o fim do desconto nos cinemas.
"Os núcleos devem ainda mostrar a inflação bastante acima da meta de 3%. A inflação de serviços deve seguir entre 5% e 6% no acumulado de 12 meses", afirma.
Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, espera uma variação de 0,60%. Para Vitória, os preços dos alimentos ainda pressionam. Mais relevante, porém, será o comportamento da inflação de serviços, que apresenta alta desde o final do ano passado e é ponto de atenção para a política monetária.
“Com o cenário externo bastante volátil e o câmbio de volta ao patamar de R$ 5,90, mesmo uma inflação menor ainda não deve trazer muito alívio para a política monetária, que ainda pode subir os juros em até 50 bps na próxima reunião antes de pausar”, afirma.
No último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, o mercado manteve a projeção da inflação para 2025 em 5,65%. A expectativa do ministério da Fazenda é do IPCA em 4,8% no fim do ano.