Rede de transmissão de energia elétrica: inflação no IPCA-15 segue acima de 12% no acumulado, apesar de desaceleração em maio (Ueslei Marcelino/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 24 de maio de 2022 às 09h08.
Última atualização em 24 de maio de 2022 às 11h16.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação, teve alta de 0,59% em maio, a maior para o mês desde 2016. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado de 12 meses, a alta no IPCA-15 ficou em 12,20%.
O dado de maio veio acima da expectativa do mercado, que era de 0,45% para o IPCA-15 do mês.
Ainda assim, o IPCA-15 de maio ficou abaixo dos meses anteriores, mostrando alguma desaceleração da inflação após as altas sucessivas na taxa de juros promovidas pelo Banco Central.
Em março, o IPCA-15 foi de 0,95% e, em abril, acelerou para 1,73% (veja no gráfico abaixo). O índice de abril chegou a ser o maior para o mês desde 1995, no início do Plano Real.
O IPCA-15 é medido entre meados de cada mês, e serve como prévia para a inflação oficial, a ser divulgada após encerrado o mês. No IPCA-15 de maio, os preços foram coletados entre 14 de abril e 13 de maio.
Apesar da leve desaceleração, já é dado como certo que a inflação brasileira ficará acima do teto da meta do Banco Central, que era de 5% no começo do ano. A projeção em algumas casas do mercado é de que a inflação siga acima de 10% ao menos até o segundo semestre.
A inflação no Brasil superou dois dígitos em setembro do ano passado, e não caiu para baixo desse patamar desde então.
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O Brasil está também sob a maior taxa básica de juros, a Selic, desde fevereiro de 2017. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em 5 de maio, a taxa de juros foi elevada em mais um ponto percentual, indo a 12,75%.
Algumas casas já apostam que o BC pode eventualmente ter de levar a Selic para perto dos 14% até o fim do ano em meio às pressões inflacionárias com a guerra na Ucrânia e alta das commodities no mercado internacional.
Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta de preço no mês. A exceção foi o grupo "Habitação" (-3,85%), que inclui a energia elétrica.
Já os grupos "Alimentos e Bebidas" e "Transportes", grandes vilões da inflação neste ano, ainda tiveram alta, mas desaceleraram em relação a abril.
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Segundo o IBGE, um dos principais fatores que levaram à desaceleração da inflação em maio foi a mudança na bandeira da tarifa de energia elétrica, com o preço da energia elétrica residencial caindo 14% no período.
A bandeira verde passou a valer em 16 de abril, substituindo a bandeira de escassez hídrica, que estava em vigor desde setembro e aumentava o custo da conta de luz.
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Do outro lado, combustíveis seguem entre as principais altas, embora com variações menores em maio do que em abril. O grupo "Transportes", que inclui os combustíveis, subiu 1,8%, contra 3,43% em abril.
O IPCA final de maio, no entanto, também deverá trazer nos combustíveis os primeiros impactos da alta anunciada da Petrobras para o diesel, de 9%.
Já a gasolina segue com preço congelado nas refinarias da Petrobras há mais de dois meses, sem reajuste em relação aos preços internacionais.
O grupo "Alimentos e Bebidas", que vinha tendo forte impacto na cesta de bens do IPCA nos primeiros meses do ano, desacelerou de 2,25% em abril para 1,52% em maio.
A frente de consumo no domicílio respondeu por boa parte da desaceleração:
No grupo "Saúde", a alta autorizada nos remédios também aparece entre os destaques do IPCA-15, com aumento médio de mais de 5% nos produtos farmacêuticos.
A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, que regula os preços do setor, autorizou reajuste de quase 11% nos produtos, com base na inflação do ano passado. A alta dos remédios já havia aparecido como destaque no IPCA de abril.